Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

‘Devagar com andor que o santo é de barro’, aconselha gestor financeiro

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Terça, 29 de Agosto de 2023 às 19:26, por: CdB

Depois de um período de alta até julho, os ativos brasileiros acumulam perdas em agosto diante da perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos e das dificuldades econômicas da China.


Por Redação, com Bloomberg - de São Paulo

A queda dos juros no Brasil pode ser favorável para alguns ativos brasileiros no curto prazo, mas o cenário da economia mundial exige cautela e atenção, na visão Fabiano Godoi, sócio e diretor de investimentos da Kairós Capital, ex-diretor executivo e ex-Chief Investment Officer (CIO) da Safra Asset Management. Em outras palavras, Godoi recomenda o ditado ancestral para seguir “devagar com o andor que o santo é de barro”.

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"Preferimos ficar tomados na inclinação da curva, apostando que as partes mais curtas até o intermediário da curva ainda podem ceder mais", disse Godoi


Para Godoi, a desaceleração da China e os juros altos nos Estados Unidos tendem a penalizar também os investimentos no Brasil, como se viu em agosto, o que tem feito a gestora adotar uma postura comprada no curto prazo, mas mais defensiva no longo prazo, disse o executivo em entrevista à agência norte-americana de notícias Bloomberg Línea.

— Preferimos ficar tomados na inclinação da curva, apostando que as partes mais curtas até o intermediário da curva ainda podem ceder mais. Mas vemos que a ponta longa não deveria mais ceder tanto além do nível atual. Na bolsa, temos posições que são arbitradas também. Estamos comprados em setores mais alavancados e que tendem a se beneficiar de uma queda da taxa de juros. E vendidos no índice ou em outros setores que são mais defensivos — afirmou.

Cenário


Depois de um período de alta até julho, os ativos brasileiros acumulam perdas em agosto diante da perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos e das dificuldades econômicas da China.

O Ibovespa teve queda acumulada de 5% em agosto até a sexta-feira, a primeira perda mensal depois de quatro meses consecutivos de alta. Já o dólar, que chegou a cair a R$ 4,72 em julho, voltou para a faixa entre R$ 4,80 e R$ 5,00 nas últimas semanas.

Para Godoi, cuja gestora é especializada em traçar estratégias de olho no cenário macroeconômico doméstico e internacional, a visão para a economia mundial não é otimista, pelo contrário.

Desequilíbrio


O analista antevê uma desaceleração forte da atividade nos países desenvolvidos, o que dificulta também a situação dos países emergentes.

— Não é um ambiente lá fora que olhamos e podemos dizer que está tudo azul. Existem desbalanceamentos relevantes no mundo. E isso deveria atrapalhar o ambiente global do ponto de vista de crescimento econômico ao longo dos próximos meses. Mesmo achando que os preços daqui tenham potencial de andar um pouco mais, temos preferido posições mais conservadoras no Brasil — acrescentou.

Outro ponto de atenção no caso do Brasil é a política fiscal. Para o sócio da gestora, a questão do desequilíbrio das contas públicas ainda não está resolvida, apesar de o arcabouço fiscal ter evitado uma piora acentuada da relação dívida/PIB.

— Ainda não é suficiente para observar uma estabilidade ao longo dos próximos anos. Isso também continua colocando pressão na ponta longa da curva. Com uma desaceleração lá fora, não é uma situação que ajuda os ativos de risco. E o Brasil é percebido por parte dos investidores estrangeiros como uma alocação de risco — concluiu.

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