Freire Gomes disse que Torres participou de reuniões de teor golpista, o que o ex-ministro nega e, diante da dúvida, a defesa dos depoentes tem até a próxima segunda-feira para pedir ao STF mais diligências.
Por Redação – de Brasília
Os advogados do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, réu na ação do golpe de Estado frustrado em 8 de Janeiro que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), estuda a possibilidade do pedido de uma acareação entre Torres e o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército e testemunha de acusação. O procedimento judicial prevê que pessoas com versões conflitantes sobre o mesmo fato fiquem frente a frente para esclarecer as dúvidas.

Freire Gomes disse que Torres participou de reuniões de teor golpista, o que o ex-ministro nega e, diante da dúvida, a defesa dos depoentes tem até a próxima segunda-feira para pedir ao STF mais diligências, como coletas de provas ou acareações. Depois dessa fase, as partes apresentam alegações finais e o caso é liberado para julgamento na Primeira Turma da Corte.
Freire Gomes afirmou à Polícia Federal, em 2024, que Torres dava “suporte jurídico” ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) em reuniões sobre atos golpistas. O ex-comandante do Exército afirmou também que a “minuta golpista”, discutida com Bolsonaro e outros comandantes militares, era a mesma apreendida pela PF na casa de Torres. A defesa de Torres também rechaça essa versão e cogita pedir uma perícia nos documentos.
Reuniões
Já no depoimento ao STF, no mês passado, o general tentou atenuar a versão. Disse que não tem certeza se a minuta apreendida na casa de Torres era a mesma discutida por Bolsonaro e comandantes militares. Questionado pela defesa de Torres sobre quantas reuniões ele havia participado com os chefes das Forças, o militar respondeu, sem detalhar: “Poucas”.
Os advogados de Anderson Torres também criticaram o fato de o general ser testemunha, em vez de investigado. Em interrogatório, Torres negou as acusações da PGR, especialmente sobre a minuta encontrada em sua casa.
O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro ficou preso preventivamente entre janeiro e maio de 2024, por supostos crimes no 8 de Janeiro. Ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia do ataque golpista aos três Poderes. Desde maio do ano passado, Torres continua usando tornozeleira eletrônica e cumprindo medidas cautelares, como restrições de horário para sair de casa.