Dario Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, pediu apuração urgente do caso. "Uma violência brutal na região do Hakoma que aconteceu isso, e as crianças estão correndo risco nessa região.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília
Uma denúncia da Hutukara Associação Yanomami divulgada na quarta-feira mostra vídeos em que duas crianças e um adolescente indígenas aparecem amarrados a troncos de árvores e sendo ameaçados por garimpeiros dentro da Terra Indígena Yanomami, na região de Surucucu, em Roraima.
Os vídeos teriam sido gravados na tarde de terça-feira pelos próprios invasores em Hakoma, um dos locais com maior índice de garimpo ilegal do país. As terras Yanomami se situam nos Estados da Amazonas e de Roraima.
Em um momento da gravação, os garimpeiros acusam os Yanomami de terem furtado celulares. No meio da mata, enquanto grava, o homem grita: “Tira o cartucho, tira o cartucho, traz o celular, traz o celular. Cadê o celular? Pode amarrar. Vá buscar os cartuchos da espingarda". Em outro trecho, os três indígenas estão amarrados a postes de madeira.
A Associação Hutukara Yanomami enviou um ofício ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em que afirma que não foi possível apurar como terminou o episódio.
Dario Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, pediu apuração urgente do caso. "Uma violência brutal na região do Hakoma que aconteceu isso, e as crianças estão correndo risco nessa região. E os garimpeiros amarraram as crianças. Isso a gente recebeu. Por isso, nós estamos preocupados", diz.
O Ministério dos Povos Indígenas classificou como "inadmissíveis" os fatos denunciados e disse ainda que está se articulando com outros órgão com o objetivo de garantir "providências urgentes para averiguação, denúncia e punição dos responsáveis por este caso".
Situação dos Yanomami
A área atingida pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami caiu 78,5% entre janeiro e setembro de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Os dados foram divulgados no último dia 15 pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), do Ministério da Defesa.
Os garimpeiros que permanecem no local são os mais perigosos, pois estão ligados ao narcotráfico e ao crime organizado, afirma a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
Na terra indígena Yanomami, o garimpo ilegal provocou uma crise humanitária que, ignorada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), resultou na morte por causas evitáveis de pelo menos 570 crianças indígenas.