Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Covid-19 assombra a Bundesliga pela terceira temporada

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Terça, 10 de Agosto de 2021 às 07:57, por: CdB

Em meio a severas regras para público nos estádios e polêmica em torno da exclusão de espectadores não vacinados, nova temporada do campeonato alemão começará sob a sombra da contagiosa variante delta do coronavírus.

Por Redação, com DW - de Berlim

Em fins de janeiro de 2020 foi confirmado na Alemanha o primeiro caso de covid-19, no Instituto Tropical de Munique. Apenas seis semanas mais tarde, logo depois da 25ª rodada da Bundesliga, em começos de março, a Liga Alemã de Futebol se viu obrigada por determinação governamental a paralisar a competição por tempo indeterminado devido à rasante evolução da pandemia em todo o país.
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Torcedor do VfB Stuttgart é vacinado em centro móvel de imunização instalado nos arredores do estádio do clube
A retomada do campeonato se deu dois meses mais tarde, sob severas restrições sanitárias. Inaugurava-se a era dos assim chamados jogos-fantasma, partidas sem público, além de outras limitações. A temporada terminou aos trancos e barrancos sob o impacto epidêmico, com um jogo atrás do outro para salvar o calendário e à custa do desgaste físico e mental dos profissionais da bola. A epidemia se alastrava pelo país, e não restou outra alternativa aos dirigentes do futebol alemão do que continuar com os Geisterspiele (jogos-fantasma) também na temporada seguinte, a de 2020/2021. Estádios às moscas davam a tônica de toda uma campanha marcada pela ausência das torcidas e, consequentemente, de toda emoção que emana das arquibancadas. Faixas com dizeres alusivos ao vazio das arenas foram estendidas nos estádios: "Fussball ohne Fans ist nichts" (Futebol sem torcida não é nada). Os impactos econômico-financeiros decorrentes da falta de público não se fizeram esperar. O Borussia Dortmund, por exemplo, amargou um prejuízo de 72,8 milhões de euros no ano fiscal 20/21. O clube aurinegro fatura aproximadamente 4 milhões de euros por jogo no seu estádio só com a venda de ingressos. Basta fazer as contas para saber por qual motivo o Dortmund terminou o atual exercício fiscal no vermelho.

Nova temporada sob severas regras

A nova temporada 21/22 da Bundesliga ainda nem começou, e a covid-19 já assombra de novo a competição. Será permitida a presença de público sob severas condições. Não poderão entrar pessoas sem terem sido vacinadas, a não ser que apresentem um resultado negativo para covid-19 ou que tenham em mãos um certificado comprovando a superação da doença. A capacidade máxima de ocupação liberada é de 50% das respectivas arenas, mas limitada a 25 mil espectadores. O prazo de validade dessas regras, entretanto, é curto. Vale até 11 de setembro. A expectativa da Liga Alemã de Futebol é de que o prazo seja prorrogado, mas isso depende do desenvolvimento na propagação da contagiosa variante delta do coronavírus, que atualmente aponta para uma tendência crescente. Especialistas da área da saúde pública acreditam que possa haver um aumento significativo tanto de novos casos como vítimas fatais já a partir de outubro, mais ou menos como ocorreu no ano passado quando os números literalmente explodiram. Não há perigo, pelo menos por enquanto, de novos jogos-fantasma, mas especula-se que possa haver restrições mais severas num futuro próximo.

Polêmica sobre não vacinados

O FC Colônia, por exemplo, estabeleceu regras por conta própria. A partir do seu segundo jogo em casa, no próximo dia 28 de agosto, pela terceira rodada do Alemão contra o Bochum, só entram no estádio os vacinados com duas doses ou quem tiver em mãos um certificado comprovando a superação da doença. Significa que pessoas, mesmo com resultado negativo do teste para covid-19, não entram. A iniciativa do Colônia provocou uma polêmica sobre a exclusão de pessoas não vacinadas. Andreas Bovenschulte, prefeito da cidade de Bremen, argumenta: "Acho errado e ilegal excluir os não vacinados da vida pública". O diretor geral do TSG Hoffenheim, clube da primeira divisão, afirma: "O acesso ao estádio deverá ser permitido não apenas aos vacinados e curados, mas também aos que foram testados negativamente." De outro lado, Hans-Joachim Watzke, CEO do Borussia Dortmund, defende a ideia de que apenas os vacinados com duas doses deveriam ter entrada liberada nas dependências das arenas. Seu argumento é forte: "Dessa forma, finalmente voltaríamos a ter estádios cheios na Alemanha." Vale lembrar que antes da pandemia, o Dortmund batia todos os recordes de público na sua casa, com 81 mil torcedores por jogo lotando o Signal Iduna Park.

Esforços para evitar o pior

Em setembro começa o outono na Alemanha, com temperaturas mais baixas, chuvas intermitentes e ventos frios. É uma estação propícia para maior disseminação do vírus, como, por sinal, ocorreu no ano passado. Ainda estamos no mês de agosto, e os índices de novas infecções por 100 mil habitantes já estão aumentando. Caso persista essa tendência, é bem provável que haja questionamentos sobre a presença de público nos estádios. Os clubes estão numa corrente forte e fazem de tudo para evitar um segundo colapso representado pela ausência da torcida. Fazem tudo que está ao seu alcance para evitar o pior. Em torno e nas próprias dependências dos estádios, existe atualmente a possibilidade de se vacinar. Jogadores da Bundesliga 2, que já está em andamento, fazem campanha pela vacinação. O mesmo deverá acontecer com os profissionais da primeira divisão cuja primeira rodada está marcada para o próximo fim de semana, começando com Borussia M'Gladbach versus Bayern de Munique. No que depender dos clubes, haverá público nos estádios, ainda que de forma limitada. No que depender da variante delta do coronavírus, a doença continuará assombrando a Bundesliga por mais uma temporada.
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