Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Conta de luz tende a ficar ainda mais salgada até o fim do ano, dizem analistas

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Segunda, 23 de Agosto de 2021 às 13:39, por: CdB

De janeiro até agora, as tarifas de energia dos consumidores residenciais subiram, em média, 7,15%. E a tendência é piorar. Cálculos preliminares da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que as tarifas podem subir, em média, 16,68% no ano que vem.

Por Redação - de São Paulo
Se os brasileiros perceberam o quanto dói no bolso a crise hídrica, a impressão tende a ficar mais nítida, nos próximos meses, em face da cobrança de taxa adicional para fazer frente ao custo das usinas termelétricas. Os reajustes anuais também pesam mais nessa conta.
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As grandes linhas de transmissão de energia elétrica cruzam as regiões mais populosas do país
De janeiro até agora, as tarifas de energia dos consumidores residenciais subiram, em média, 7,15%. E a tendência é piorar. Cálculos preliminares da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que as tarifas podem subir, em média, 16,68% no ano que vem, quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode concorrer à reeleição. A Aneel já atualizou os preços das tarifas de 30 concessionárias de distribuição de energia, que atendem 16 Estados. Consumidores de alguns municípios de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, atendidos pela Energisa Sul Sudeste tiveram o reajuste mais alto até o momento: 11,29%. Já moradores atendidos pela Cemig, em Minas Gerais, e pela Sulgipe, que atende municípios em Sergipe e na Bahia, não tiveram reajustes neste ano ou as contas ficaram ligeiramente mais baratas, respectivamente.

Reajustes

Entre os principais fatores para a alta das tarifas estão os custos com encargos setoriais, despesas com compra e transporte de energia, efeitos do IGP-M, já que diversas distribuidoras têm contratos atrelados ao índice de preços, e o câmbio. Ainda que acentuados, sobretudo em um momento em que a conta já está pressionada pelos custos das térmicas, os reajustes poderiam ter sido maiores. Para amenizar os efeitos, a Aneel aprovou um pacote de medidas para "segurar" os reajustes - e já estuda fazer o mesmo em 2022. Entre as ações estão o abatimento de créditos tributários cobrados indevidamente dos consumidores, o adiamento do pagamento de indenizações às transmissoras e de remuneração das distribuidoras e o uso de recursos que seriam destinados a programas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e de eficiência energética não usados para abater encargos.

Consumidor

Em audiência pública na Câmara na semana passada, o superintendente de Gestão Tarifária da agência reguladora, Davi Antunes Lima, explicou que a previsão inicial de aumento de custos em 2021, por causa de efeitos da pandemia e aumento dos custos da energia, era de R$ 29,57 bilhões - o que resultaria em reajustes na faixa de 18%. Com as medidas, os custos foram reduzidos para R$ 18,83 bilhões. — A Aneel é muito sensível em relação à tarifa de energia elétrica — disse Lima ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP). Fazemos esforços muito grandes para tentar atenuar esses impactos tarifários", disse aos deputados. Embora as medidas tenham aliviado os reajustes, "empurrar" as despesas pode levar a conta a disparar nos próximos anos. — A Aneel ficar jogando para frente uma série de aumentos como tem acontecido neste ano, desde maio, não é bom, engana o consumidor, que paga menos por algo que sabidamente custa mais caro. Dada a crise atual, temos praticamente mais de 20% de reajuste contratado se a crise continuar como está — somou o ex-diretor da agência Edvaldo Santana.

Aumento

O coordenador do Programa de Energia e Sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Clauber Leite, afirmou que o alívio neste momento é positivo e um "alento" para a população, já que o custo da energia tem uma representatividade alta para as famílias mais pobres. Ele defende, no entanto, que sejam estudadas medidas para que, de fato, haja uma redução nas contas e não postergações de custos e que não impliquem em um aumento excessivo posteriormente. — Por exemplo, a quantidade de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que é cobrado. É um dos grandes custos das tarifas, é cobrado sobre os encargos, sobre a bandeira, é uma arrecadação que o consumidor fica em uma posição de que não tem muito o que fazer, o que acontece é uma diminuição do poder de compra — concluiu.
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