Os Emirados Árabes Unidos solicitaram a reunião em resposta à ação militar terrestre de Israel na Faixa de Gaza, que teve início na sexta-feira. A interrupção da comunicação em Gaza promovida por Israel também estará na pauta.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Gaza
O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reunirá nesta segunda-feira para uma sessão de emergência para discutir a operação militar de Israel na Faixa de Gaza em resposta ao ataque do Hamas, que já resultou em 9 mil mortos, 1,4 mil israelenses e 8 mil palestinos, conforme as autoridades envolvidas.
Os Emirados Árabes Unidos solicitaram a reunião em resposta à ação militar terrestre de Israel na Faixa de Gaza, que teve início na sexta-feira. A interrupção da comunicação em Gaza promovida por Israel também estará na pauta.
O Conselho de Segurança da ONU, criado para garantir a paz mundial, acumula fracassos na tentativa de dissuadir o confronto colonial entre Israel e Hamas. Propostas de resoluções que visam atenuar o conflito terminam em vetos e abstenções pelos países membros.
A diplomacia brasileira trabalha por um acordo entre Estados Unidos e a Rússia que também contemple russos e britânicos. A presidência do Conselho de Segurança da ONU é exercida pelo Brasil.
O colegiado de nações é composto por 15 países, sendo cinco permanentes (EUA, Reino Unido, China, Rússia e França) e 10 com mandato rotativo.
Atrito diplomático entre Turquia e Israel
Eli Cohen, ministro de Relações Exteriores de Israel, informou que convocou diplomatas do país na Turquia após o que chamou de “graves declarações” de Recep Tayyip Erdogan, presidente turco.
Erdogan participou no sábado de um protesto pró-Palestina em Istambul. No ato, ele afirmou a milhares de pessoas que Israel comete crimes de guerra contra os palestinos e acusou o Ocidente de ser “o principal culpado” pelos massacres em Gaza.
O líder da Turquia disse que o Hamas não é uma organização terrorista e classificou Israel como um ocupante. Erdogan condenou as mortes de civis israelenses durante o ataque do Hamas no dia 7 de outubro, mas recentemente chamou palestinos de “combatentes pela liberdade”.
Netanyahu diz que não foi avisado
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse no sábado em coletiva de imprensa que a invasão de Gaza por terra é a “segunda fase da guerra”, cujo objetivo é “destruir a capacidade militar e governamental do Hamas e trazer os reféns para casa”.
Netanyahu disse que a incursão dentro de Gaza será “difícil e longa". Ele chamou o confronto de “a segunda guerra pela independência de Israel” e de um enfrentamento “entre o bem e o mal”.
Netanyahu disse que o país está empenhado no resgate de reféns em poder do Hamas. O premiê de Israel horas depois causou uma crise interna ao criticar seu serviço de inteligência.
Neste domingo Netanyahu afirmou não ter sido alertado sobre os planos de ataque em larga escala do Hamas. Esses comentários provocaram uma intensa controvérsia política e causaram divisões dentro de seu gabinete de guerra. Posteriormente, Netanyahu apagou os comentários que havia publicado no antigo Twitter na madrugada deste domingo e emitiu um pedido de desculpas.
Contexto
O cerne da questão árabe-israelense é a forma como o Estado de Israel foi criado, em 1948, com inúmeros pontos não resolvidos, como a esperada criação de um Estado árabe na região da Palestina, o confisco de terras e a expulsão de palestinos que se tornaram refugiados nos países vizinhos.
A decisão pela criação dos dois estados foi tomada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e aconteceu sem a concordância de diversos países árabes, gerando ainda mais conflitos na região.
Ao longo das décadas seguintes, a ocupação israelense nos territórios palestinos, apoiada pelos EUA, foi se tornando mais dura, o que estimulou a criação de movimentos de resistência. Foram inúmeras tentativas frustradas de acordos de paz e, na década de 1990, se chegou ao Tratado de Oslo, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina se reconheciam e previam o fim da ocupação militar israelense.
O acordo encontrou oposição de setores em Israel, que chegaram a matar o então premiê do país - e de grupos palestinos, como o Hamas, que iniciou sua campanha com homens-bomba. Após a saída militar israelense das terras ocupadas em Gaza, ocorreu a primeira eleição palestina, vencida pelo Hamas (2006), mas não reconhecida internacionalmente. No ano seguinte, o Hamas expulsou os moderados do grupo Fatah de Gaza e dominou a região.
Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou sua maior operação até então, invadindo o território israelense e causando o maior número de mortes da história do país, 1,4 mil, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de "massacre" e "genocídio" por vários organismos internacionais.