O Ministério do Interior da Nicarágua anulou o status jurídico da Companhia de Jesus no país e determinou que a Procuradoria-geral da República transfira ao Estado todos os bens móveis e imóveis da organização.
Por Redação, com ANSA - de Manágua
A Companhia de Jesus divulgou um comunicado na quarta-feira condenando a decisão do governo da Nicarágua de declarar a organização jesuíta, à qual pertence o papa Francisco, ilegal no país, confiscando todas as suas propriedades.
"A Província da América Central condena a proibição da Ordem religiosa por parte do regime de Daniel Ortega, uma injustificada agressão contra os jesuítas em um contexto de total falta de defesa e de terror contra a população nicaraguense", disse a nota.
O Ministério do Interior da Nicarágua anulou o status jurídico da Companhia de Jesus no país e determinou que a Procuradoria-geral da República transfira ao Estado todos os bens móveis e imóveis da organização.
"A decisão foi tomada sem que tivessem sido esgotados os procedimentos administrativos previstos na lei, como ocorreu na maior parte dos mais de 3 mil casos de cancelamento do status jurídico pelo regime desde 2018", complementaram os jesuítas.
"A medida foi levada adiante sem dar aos jesuítas uma possibilidade de legítima defesa e sem um órgão judiciário imparcial que julgue e interrompa esses abusos de autoridade totalmente arbitrários", acrescentou o comunicado.
Universidade Centro-americana da Nicarágua
O grupo lembrou que o regime Ortega já havia expropriado a Universidade Centro-americana da Nicarágua (UCA), e até mesmo confiscado residências dos religiosos em Manágua, sem que pudessem retirar seus bens dos locais.
"A Companhia de Jesus condena essa nova agressão contra os jesuítas da Nicarágua e a considera enquadrada em um contexto nacional de repressão sistemática, definida como 'crimes contra a humanidade' por especialistas em direitos humanos. Tudo isso se destina à plena instauração de um regime totalitário." As relações entre o país latino-americano e o Vaticano foram suspensas após declarações do papa Francisco definindo o regime da Nicarágua como "opressivo" e "ditadura grosseira".