Lula foi alertado por aliados no Planalto sobre as ordens do comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, no dia das invasões aos prédios públicos. O general ordenou que seus comandados fizessem uma barreira e impedissem os PMs de prender manifestantes que, após os atos de vandalismo, retornaram para o acampamento na frente do quartel-general.
Por Redação - de Brasília
A crise militar que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a contemporizar as atitudes golpistas de comandantes das três Forças Armadas com a nomeação de um conhecido integrante da direita, José Múcio, para o Ministério da Defesa agravou-se nesta segunda-feira com a descoberta de uma atitude que coloca o atual chefe do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, no centro das investigações sobre o golpe de Estado frustrado no último dia 8, após uma ação incisiva da Polícia Militar (PM) do Distrito Federal.
Ex-presidente do PT, José Genoino é um dos nomes mais respeitados da legenda no campo da Defesa
Lula foi alertado por aliados no Planalto sobre as ordens do comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, no dia das invasões aos prédios públicos. O general ordenou que seus comandados fizessem uma barreira e impedissem os PMs de prender manifestantes que, após os atos de vandalismo, retornaram para o acampamento na frente do quartel-general. Na ocasião, Arruda foi duro ao tratar com policiais e figuras proeminentes do governo federal.
Ovo da serpente
Petistas influentes disseram a Lula que tal decisão coloca tanto Arruda quanto Múcio entre as autoridades públicas coniventes com os atos golpistas. E que, portanto, ambos deveriam ser exonerados, imediatamente.
Ex-presidente do PT, o ex-deputado José Genoino é um dos principais nomes da legenda a aconselhar que o presidente Lula afaste tanto o ministro da Defesa quanto o comandante do Exército.
— O que aconteceu no dia 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe derrotado. Com isso, a autoridade militar está questionada. Os militares chocaram o ovo da serpente. Foi um golpe fracassado e ele poderia ter sido enfrentado se o ministro da Defesa tivesse autoridade sobre os militares — disse Genoino, a jornalistas.
Atitude
Genoino expôs seu ponto de vista.
— Lula deveria tomar uma atitude firme sobre o comandante do Exército, que protegeu os acampamentos. Além disso, o ministro da Defesa sugeriu uma Garantia da Lei e da Ordem, que seria cair no colo dos militares. Se Lula aceitasse, o golpe seria consumado — pontuou.
O petista histórico também alertou que não se pode, agora, “perder a oportunidade histórica de submeter o poder militar ao poder civil que emana das urnas". Genoino também alertou para a existência de risco de "anarquia militar" se nada for feito.
— A esquerda não deve ter medo e os militares não têm força para virar a mesa. Precisamos desbolsonarizar as Forças Armadas — concluiu.
