Após vencer Melhor Produção e Roteiro no IDA Awards, Apocalipse nos Trópicos ganha força na corrida pelo Oscar e destaca a relação entre fé e política no Brasil.
Por Redação, com Vermelho – de Brasília
O documentário Apocalipse nos Trópicos, dirigido por Petra Costa, segue consolidando sua força na corrida pelo Oscar ao conquistar Melhor Produção e Melhor Roteiro no International Documentary Awards (IDA), realizado no último sábado, em Los Angeles. A premiação é considerada um dos principais termômetros da temporada e reforça o crescimento internacional da obra, que investiga a relação entre política e religião no Brasil.

A cineasta, que já havia sido indicada ao Oscar em 2020, volta ao centro das atenções com o novo longa, celebrado pela crítica e pelo circuito de festivais. Em suas redes, Petra comemorou emocionada: “Que orgulho e que honra receber esse prêmio que não é apenas nosso, mas de toda equipe incrível de Apocalipse nos Trópicos”.
O filme, que também disputa espaço com outra aposta brasileira — O Agente Secreto — figurou ainda entre os indicados a Melhor Direção e Melhor Documentário do IDA, embora não tenha levado essas categorias. O avanço nas premiações reforça a possibilidade de que o longa entre na lista oficial divulgada pela Academia de Hollywood, marcada para 22 de janeiro de 2026.
Um retrato incisivo do Brasil contemporâneo
Apocalipse nos Trópicos mergulha no crescimento da influência religiosa na política brasileira, articulando depoimentos e bastidores de cultos, Brasília e personagens centrais da vida pública — entre eles o presidente Lula e o pastor Silas Malafaia. A obra “transita entre Brasília e cultos para tentar entender o significado do crescimento da bancada evangélica e das ‘orações políticas’ proferidas no Brasil”.
O roteiro premiado reúne Petra Costa, Alessandra Orofino, David Barker, Tina Baz e Nels Bangerter — muitos deles também montadores do projeto. A própria diretora dedicou a conquista ao companheiro Pancho Magnou e à mãe, Lian, afirmando que ambos foram pilares essenciais ao longo dos quatro anos de produção.
Cresce a expectativa para o Oscar
Com trajetória já consolidada, Petra Costa pode retornar à disputa pelo prêmio de Melhor Documentário em Longa-Metragem, categoria em que concorreu anteriormente com Democracia em Vertigem. À época, perdeu para American Factory, mas hoje volta mais forte, respaldada pelas vitórias recentes e pela boa recepção crítica.
No ano anterior, outro vencedor do IDA — Sem Chão (No Other Land) — acabou confirmado no Oscar, o que aumenta as apostas para o filme brasileiro.
Independentemente da indicação, o impacto cultural da obra já está desenhado: Petra reafirma seu lugar entre as vozes mais potentes do cinema documental contemporâneo, com um trabalho que combina investigação política, sensibilidade narrativa e uma leitura urgente do Brasil atual.
Assista ao trailer de Apocalipse nos Trópicos