A principal adesão é a de Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo do ex-presidente de facto Michel Temer, com mestrado e doutorado na Universidade de Chicago, mais famoso centro difusor do liberalismo econômico mundial, a mesma instituição onde se formou o atual ministro da Economia, Paulo Guedes.
Por Redação - de São Paulo
Sem espaço na centro-esquerda, o presidenciável Ciro Gomes parte para cima do eleitorado da centro-direita, principalmente aquele em que o governador de São Paulo, João Doria, aparece em posição mais confortável do que ele. Gomes (PDT) indicou, nesta terça-feira, que pretende incluir economistas liberais em sua equipe de campanha.
A principal adesão é a de Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo do ex-presidente de facto Michel Temer, com mestrado e doutorado na Universidade de Chicago, mais famoso centro difusor do liberalismo econômico mundial, a mesma instituição onde se formou o atual ministro da Economia, Paulo Guedes.
Gomes e Castro conversaram por telefone, longamente, há duas semanas por iniciativa o economista, que se dispôs a colaborar com Ciro na parte econômica. Ficaram de conversar pessoalmente assim que a pandemia der uma trégua.
— Ele (Rabello) me ligou e me deu uma grande alegria, dizendo que estava vendo a minha luta e que tinha a vontade de ajudar — disse o presidenciável ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, nesta manhã.
Liberalismo
Ciro vem conversando com outros economistas liberais, entre eles dois dos pais do Plano Real, Persio Arida e André Lara Resende, que integraram o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, “mas apenas para trocar ideias”, disse o ex-governador cearense.
Os ex-ministros Delfim Netto e Luiz Carlos Bresser Pereira, além do professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo, todos defensores do papel do Estado na economia, também têm conversado com Ciro Gomes. No caso de Rabello, a ideia é que o contato inicial evolua para uma parceria.
— Nós estamos buscando uma alternativa, um caminho verdadeiro para o Brasil — disse o economista, que também presidiu o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no governo Temer.
Este “liberalismo popular”, diz Castro, envolve mudar o foco da política econômica para o aumento na taxa de investimento na economia, reforma tributária e preocupação com a empregabilidade dos mais jovens.
— Você mal ouve falar em investimento, nesse liberalismo financista — acrescentou.
Eletrobras
O economista defende que o programa de privatizações seja mantido, mas com mudança de foco. O caso da Eletrobras, diz ele, é emblemático.
— Os financistas do governo querem pegar a Eletrobras e passar a ferro. A empresa está muito subavaliada — acrescentou.
Segundo Rabello de Castro, qualquer processo de venda de estatais deve envolver a pulverização do capital.
— Distribuir o capital estatal ao povo é essencial — afirma.
O economista afirma, ainda, que poderá ajudar na relação de Gomes com agentes de mercado, que ainda se assustam com a imagem estatista do candidato e seu discurso nacional-desenvolvimentista. É uma avaliação equivocada, diz ele, já que Ciro tem como propostas reforma tributária e incentivos às exportações, além de descartar intervenções abruptas do Estado na economia.
— Onde eu estiver, esse tal mercado vai saber que o Ciro vai errar muito pouco — concluiu.