O Brasil é um país culturalmente em declínio. Depois de tantos prêmios e de tantos filmes no Festival Internacional de Cinema de Berlim, a participação brasileira será quase nula neste ano. Um verdadeiro atestado da decadência política atual que atinge todos os setores do país.
Fevereiro é o mês do grande Festival Internacional de Cinema de Berlim. Não este ano, por culpa do coronavírus, que impede reuniões de pessoas. Porém, isso não significa uma paralização total. A solução encontrada por seus dois diretores, a alemã Mariette Rissenbeek e o italiano Carlos Chatrian foi a de dividir a Berlinale, como é também conhecido o Festival de Berlim, em duas partes:
- uma dedicada à Indústria do Cinema, que será online e incluirá algumas das categorias de filmes existentes no Festival sem a presença física de expectadores. Esta primeira parte se prolongará por cinco dias - do 1 ao 5 de março;
- a outra parte, se as vacinas permitirem, terá a presença física da imprensa, dos críticos e dos profissionais do cinema. A data não é tão distante. No caso, os diretores da Berlinale fazem uma aposta arriscada: a de que dentro de quatro meses as autoridades políticas e sanitárias terão acabado com os confinamentos. Essa segunda parte, a principal da Berlinale, com as principais competições, terá o nome de Verão Especial, se prolongará por 11 dias, irá do 9 ao 20 de junho.
Nenhum filme brasileiro foi selecionado para a principal mostra, a Competição. A situação brasileira se reflete atualmente no campo da cultura e isso fica evidente na diminuta participação brasileira na 71. Berlinale, notadamente na ausência de filmes brasileiros na mostra Geração, onde costumam se revelar jovens talentos brasileiros.
O primeiro filme brasileiro citado na relação de filmes selecionados surge na Berlinale Series: trata-se da série Os Últimos Dias de Gilda, imaginada e dirigida por Gustavo Pizzi com os atores Karine Teles, Julia Stockler, Antonio Saboia, Ana Carbatti e Lucas Gouvêa.
O tema é bem atual dentro de um Brasil onde os evangélicos estão perigosamente unidos com o poder público. A figura principal é Gilda, mulher livre, que trabalha e luta por sua sobrevivência sem ceder à pressão dos vizinhos conservadores e ao assédio dos machistas.
O outro filme brasileiro selecionado está na mostra Panorama Documento. Trata-se de A Última Floresta, de Luiz Bolognesi, falado na língua indígena dos Yanomami. Bastante dentro da realidade atual brasileira, a nova imagem internacional do Brasil, os incêndios das florestas, a invasão das terras indígenas e um país sem respeito por suas origens. É a luta de uma tribo existente no norte do Brasil contra a invasão de garimpeiros, sem qualquer proteção por parte do governo.
Na mostra Fórum, há uma coprodução argentino-brasileira, Esqui, dirigida pelo argentino Manque la Banca, uma mistura de documentário com drama. E, por último, o Brasil aparece com o filme Se Hace Camino al Andar, uma Instalação de Paula Gaitán.
Por Rui Martins, de Berna com Festival de Berlim.
Cinema brasileiro quase desaparece no Festival de Berlim
Por Rui Martins - O Brasil é um país culturalmente em declínio. Depois de tantos prêmios e de tantos filmes no Festival Internacional de Cinema de Berlim, a participação brasileira será quase nula neste ano.
Quinta, 11 de Fevereiro de 2021 às 17:46, por: CdB