Os cientistas do projeto SDSS estudaram a dobra de nossa galáxia, estudando a posição e movimento das estrelas dentro da Via Láctea. Os resultados mostraram que o disco é curvado e que a dobra contornando a galáxia muda uma vez em cada 440 milhões de anos.
Por Redação, com Sputniknews - de Moscou
Os cientistas do projeto Levantamento Digital do Céu Sloan (SDSS, na sigla em inglês) apresentaram durante a 237ª reunião da Sociedade Astronômica Americana uma nova visão sobre a forma de nossa galáxia. A galáxia foi mostrada pela primeira vez na forma de um disco em espiral com uma flexão ondulada transversal.
Os cientistas do projeto SDSS estudaram a dobra de nossa galáxia, estudando a posição e movimento das estrelas dentro da Via Láctea. Os resultados mostraram que o disco é curvado e que a dobra contornando a galáxia muda uma vez em cada 440 milhões de anos.
— Imagine que você está nas bancadas de um estádio em um jogo de futebol e a multidão começa a fazer uma onda. Tudo o que você faz é levantar-se e sentar-se, mas o efeito é o de uma onda passando ao redor do estádio. O mesmo ocorre com a curvatura galáctica, as estrelas se movem apenas para cima e para baixo, mas a onda se espalha por toda a galáxia — afirma o autor do estudo Xinlun Cheng, astrônomo da Universidade da Virgínia.
Satélite Gaia
Em seu estudo os pesquisadores usaram o espectrógrafo infravermelho de alta precisão do observatório APOGEE, que faz parte do SDSS.
— Os espectros do APOGEE fornecem informação sobre a composição química e o movimento de estrelas individuais. Isso nos permite dividi-las em grupos e observar a curva separadamente dentro de cada grupo — explicou outro autor da pesquisa, dr. Borja Anguiano, da Universidade da Virgínia.
No entanto, além dos espectros é preciso estudar a curva, de acordo com os cientistas. Para observar as curvas galácticas é preciso realizar medições precisas das distâncias estelares, e para isso os pesquisadores usaram dados do satélite Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).
Unificando os dados do APOGEE e do Gaia, os cientistas criaram mapas tridimensionais completos das estrelas da Via Láctea com informação detalhada sobre a localização, velocidade e composição química de cada estrela.
Colisão
A análise revelou que a deformação causada pela onda, e que passa pela Via Láctea, faz as estrelas individuais se moverem para cima e para baixo relativamente ao plano da galáxia.
Os autores mediram a velocidade e comprimento desta onda, a qual teria surgido devido à interação com uma galáxia-satélite, sugeriram os cientistas. A deformação em forma de ondulação gravitacional continua se movendo pela galáxia, criando uma onda.
— Nosso modelo pressupõe que há cerca de três bilhões de anos ocorreu um encontro com uma galáxia-satélite. Para os astrônomos galácticos isso é um acontecimento recente — afirmou Cheng.
Segundo dados dos cientistas, dentro de quatro bilhões de anos a Via Láctea colidirá com outra galáxia, a Andrômeda, e mudará sua forma, mais uma vez.