A descoberta foi realizada por dois grupos de pesquisadores com a ajuda do rádio-observatório Alma, no Deserto do Atacama, no Chile.
Por Redação, com ANSA – de Santiago
Astrônomos identificaram a presença de oxigênio na galáxia mais distante já observada, situada a 13,4 bilhões de anos-luz e batizada como Jades-GS-z14-0.

A descoberta foi realizada por dois grupos de pesquisadores com a ajuda do rádio-observatório Alma, no Deserto do Atacama, no Chile, e sugere que as galáxias do Universo primordial podem ter se formado muito mais rapidamente do que o previsto.
Liderados pelo astrofísico italiano Stefano Carniani, da Escola Normal Superior de Pisa, e por Sander Schouws, da Universidade de Leiden, na Holanda, os dois estudos foram publicados, respectivamente, nas revistas Astronomy & Astrophysics e The Astrophysical Journal.
– Fiquei impressionado com esses resultados inesperados porque eles abrem uma nova visão sobre as primeiras fases da evolução das galáxias. A prova de que uma galáxia era madura no Universo recém-nascido levanta interrogações sobre quando e como ela se formou – disse Carniani.
– É como encontrar um adolescente onde você esperaria apenas crianças – acrescentou Schouws.
Geralmente, as galáxias iniciam suas vidas repletas de estrelas jovens, formadas principalmente por elementos mais leves, como hidrogênio e hélio. Conforme os astros envelhecem, produzem substâncias mais pesadas, como o oxigênio, que são espalhadas pelo cosmos após a morte das estrelas.
Jades-GS-z14-0
Acreditava-se que na época da Jades-GS-z14-0, quando o Universo tinha apenas 300 milhões de anos, cerca de 2% de sua idade atual, ele ainda era jovem demais para possuir elementos pesados, mas os dados coletados pelo Alma indicam que a galáxia contém uma quantidade dessas substâncias 10 vezes
As pesquisas também permitiram medir a distância que nos separa da Jades-GS-z14-0 de forma muito mais precisa. “Graças ao Alma, obtivemos uma mensuração extremamente precisa, com uma incerteza de apenas 0,005%, o que equivale a uma distância de cinco centímetros a cada quilômetro”, afirmaram os astrofísicos Eleonora Parlanti e Giacomo Venturi, ambos da Escola Normal de Pisa.
Acredita-se que o Universo tenha cerca de 13,8 bilhões de anos de existência, porém observações mais recentes, inclusive com o Telescópio Espacial James Webb, lançaram dúvidas sobre essa estimativa e fizeram os astrônomos e físicos questionarem se o cosmos não seria mais antigo.
– A descoberta representa um desafio e uma oportunidade para os modelos de formação e evolução das galáxias – declarou Andrea Ferrara, coordenador do grupo de cosmologia da Normal de Pisa e coautor de um dos artigos.