A cidade é palco há vários dias de uma ofensiva do M23, milícia formada por desertores do Exército congolês, com o apoio das Forças Armadas de Ruanda.
Por Redação, com ANSA – de Goma
Palco de uma ofensiva do grupo rebelde M23 com apoio de soldados de Ruanda, a cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo (RDC), vive uma situação catastrófica por causa do conflito, com corpos largados nas ruas e relatos de execuções sumárias e estupros.

– A situação na zona de Goma está se deteriorando, e o número de vítimas dos combates pode dobrar em poucos dias – disse à agência italiana de notícias ANSA o italiano Francesco Barone, professor de pedagogia da cooperação social da Universidade de L’Aquila e recém-retornado de uma missão humanitária no segundo maior país africano.
Barone administra a ONG Help Senza Confini (Ajuda Sem Fronteiras), que realiza projetos de assistência no Kivu do Norte, conflagrada região rica em minerais na fronteira com Ruanda.
– Disseram para mim que os conflitos provocaram um número enorme de mortos, teme-se que chegue a 2 mil em poucos dias. Os corpos jazem abandonados nas ruas, em avançado estado de decomposição – contou o professor.
Segundo ele, os “rebeldes estão à beira de forçar as portas das instituições”, e a preocupação é que a escalada da violência “acentue a fome, em um contexto no qual não existem corredores humanitários”. “As organizações humanitárias não podem intervir por causa da insegurança”, disse.
Barone também apontou o risco de “epidemias devido à falta de atendimento” médico, Goma, capital do Kivu do Norte, abriga um laboratório de pesquisa biomédica com amostras do vírus ebola, causador de uma febre hemorrágica altamente contagiosa e letal.
Ofensiva do M23
A cidade é palco há vários dias de uma ofensiva do M23, milícia formada por desertores do Exército congolês, com o apoio das Forças Armadas de Ruanda. Os milicianos e os soldados ruandeses entraram no centro de Goma no último domingo, enquanto as tropas da RDC tentam conter a ofensiva.
Kinshasa acusa Ruanda de querer se apossar das riquezas minerais do Kivu do Norte, enquanto Kigali diz que se envolveu no conflito para proteger sua “segurança e integridade territorial”. O M23 promete marchar até a capital do Congo, Kinshasa, para assumir o poder.
Enquanto isso, a ONU relatou suspeitas de execuções sumárias por parte dos rebeldes. “Documentamos a execução de pelo menos 12 pessoas pelo M23 entre 26 e 28 de janeiro”, disse o Escritório das Nações Unidas para Direitos Humanos, que também reportou denúncias de estupros contra 52 mulheres pelas tropas congolesas.