Pequim disse que exercício era "sério aviso" a "grupos separatistas" da ilha, após visita do vice-presidente taiwanês aos EUA. Taipei identificou 42 aviões e oito navios militares chineses na manobra.
Por Redação, com DW - de Pequim
O Exército da China realizou neste sábado exercícios militares marítimos e aéreos em torno de Taiwan, dias após uma visita do vice-presidente taiwanês, William Lai Ching-te, aos Estados Unidos.
O Comando do Teatro Oriental do Exército chinês, cuja área de operações está voltada para Taiwan, anunciou que as manobras eram um "sério aviso" aos "grupos separatistas" da ilha e às "forças externas" que os apoiam.
O porta-voz do comando, o coronel Shi Yi, afirmou que as manobras seriam realizadas na área adjacente a Taiwan, com a participação de "navios e aeronaves de combate", para "praticar a coordenação entre si" e o "controle do espaço aéreo e marítimo".
Em reação, o Ministério da Defesa em Taipé disse num comunicado que "condena veementemente este comportamento irracional e provocativo e enviará as forças adequadas em resposta (...) a fim de defender a liberdade, a democracia e a soberania de Taiwan".
Cerca de 42 aviões e oito navios
Taipé detectou a presença de 42 aviões militares chineses nas imediações da ilha, horas após a China ter anunciado os exercícios militares marítimos e aéreos em torno de Taiwan.
O Ministério da Defesa taiwanês disse que entre os aviões detetados estavam caças J-10 e J-11, sendo que 26 das 42 aeronaves atravessaram a linha mediana que separa a ilha da China continental.
O ministério acrescentou que também foram detectados oito navios militares chineses entre as incursões.
As autoridades de Taiwan responderam com o destacamento de aviões e navios e com a ativação de sistemas de mísseis terrestres, indicou o comunicado.
Visita de vice-presidente aos EUA
William Lai voltou a Taipé na sexta-feira, depois de viajar para o Paraguai para a posse de Santiago Peña como novo presidente daquele país, um dos poucos a reconhecer oficialmente Taiwan como um Estado independente.
O vice-presidente fez em seguida duas paradas em Nova York e em São Francisco, e foi recebido por representantes do Instituto Americano de Taiwan, que atua como a embaixada norte-americana de facto na ilha, na ausência de relações diplomáticas entre Washington e Taipei.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China havia prometido no domingo passado "medidas firmes" contra a passagem de Lai pelos Estados Unidos, algo que considerou ser um ataque às suas reivindicações de soberania sobre Taiwan.
– A China opõe-se firmemente a qualquer forma de contato oficial entre os Estados Unidos e Taiwan e opõe-se firmemente a qualquer viagem de separatistas pela independência de Taiwan aos Estados Unidos – declarou um porta-voz do ministério.
A China considera Taiwan, onde cerca de 23 milhões de habitantes são governados por um sistema democrático, uma das suas províncias e não descarta o eventual uso da força militar para conseguir a reunificação.
O Exército chinês já havia lançado em abril manobras de três dias em torno de Taiwan, em reação a uma reunião nos Estados Unidos entre o presidente da Câmara dos Deputados norte-americana, Kevin McCarthy, e a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen.