A primeira missão tripulada enviada pela China para a estação espacial que o país está construindo partiu nesta quinta-feira, do noroeste do país, com três astronautas a bordo. O foguete Longa Marcha-2F Y12 partiu do centro de lançamento espacial de Jiuquan, no deserto de Gobi.
Por Redação, com DW - de Pequim
A primeira missão tripulada enviada pela China para a estação espacial que o país está construindo partiu nesta quinta-feira, do noroeste do país, com três astronautas a bordo.
O foguete Longa Marcha-2F Y12 partiu do centro de lançamento espacial de Jiuquan, no deserto de Gobi, levando consigo a nave Shenzhou-12. Cerca de seis horas depois, a nave alcançou a estação espacial.
Os três astronautas a bordo, o comandante Nie Haisheng e seus colegas Liu Boming e Tang Hongbo, vão passar três meses no módulo Tianhe (Harmonia Celestial), que é o primeiro da estação espacial Tiangong (Palácio Celestial). Ela deverá estar concluída em 2022 e ter uma vida útil de pelo menos dez anos no espaço.
O Tianhe é o centro de controle e também espaço de habitação dos astronautas. Ele foi colocado na órbita terrestre, entre 350 e 390 quilômetros de altitude, em abril.
Dois dos astronautas participaram de missões anteriores, enquanto o terceiro vai para o espaço pela primeira vez, segundo a agência espacial da China. Com a missão atual, chega a 14 o número de astronautas enviados pela China ao espaço, entre eles duas mulheres.
Durante os três meses no espaço, os três homens deverão realizar trabalhos de manutenção e experiências científicas. O principal objetivo da missão Shenzhou-12 é colocar em funcionamento o módulo Tianhe.
Fora da ISS
Esta é a terceira de 11 missões planejadas até ao final de 2022 pela China, para construir e manter a estação espacial e enviar tripulantes e suprimentos. Os outros dois módulos da estação devem ser lançados no próximo ano.
A decisão de construir uma estação espacial chinesa surgiu depois da recusa dos Estados Unidos de deixarem a China participar da Estação Espacial Internacional (ISS). Os EUA alegam falta de transparência do programa chinês e fortes relações deste com as Forças Armadas.
A ISS, que reúne os Estados Unidos, a Rússia, o Canadá, a Europa e o Japão, deve parar de funcionar em 2024, apesar de a Nasa já ter mencionado a possibilidade de prolongar o funcionamento até 2028.
Espera-se que missões científicas estrangeiras e possivelmente astronautas estrangeiros visitem a estação chinesa no futuro.
China acumula experiências
Trata-se da primeira missão chinesa tripulada em cinco anos. A China enviou 11 astronautas para o espaço desde que se tornou o terceiro país a fazê-lo, em 2003.
O Tianhe baseia-se na experiência adquirida pela China ao operar duas estações espaciais experimentais no início do seu programa espacial.
Astronautas chineses passaram 33 dias na segunda das estações anteriores, realizaram uma caminhada no espaço e deram aulas de ciência que foram transmitidas para estudantes de todo o país.
Depois de concluído, o Tianhe deve permitir estadas de até seis meses, semelhante à Estação Espacial Internacional, que é muito maior do que a estação chinesa.
A China pousou uma sonda, a Tianwen-1, em Marte, no mês passado, que transportava um rover, um veículo de exploração espacial.
Nos últimos anos, a China também trouxe de volta amostras lunares, as primeiras do programa espacial de qualquer país desde os anos 1970, e pousou uma sonda e um rover no lado oculto da lua.