É possível circunscrever o debate eleitoral aos problemas locais e abstrair, em certa medida, a questão nacional?
Por Luciano Siqueira – de Brasília
O tema é recorrente. Principalmente nas capitais e cidades médias e grandes em que a cena política ganha um traço de complexidade.
É possível circunscrever o debate eleitoral aos problemas locais e abstrair, em certa medida, a questão nacional?
Num contorcionismo escapista, talvez; e em circunstância muito específica para que dê certo.
A própria polarização em boa medida decorrente da ascensão da extrema direita no país impõe o cruzamento dos problemas locais com os nacionais.
Às forças do campo popular e democrático, uma necessidade.
Não apenas para vencer o pleito local, mas para fazer com que a possível vitória some em favor de uma melhor correlação de forças, hoje tão complexa e frequentemente adversa na qual opera o governo Lula.
Extrema direita
Em cidades em que a extrema direita e as forças conservadoras partem em franca desvantagem, o Recife é um exemplo, há quem argumente que a “nacionalização” da disputa é tão somente do interesse da direita.
Errado.
Até porque questões nodais da vida na cidade se relacionam com um lastreamento financeiro das soluções propostas, num país em que o valor arrecadado em tributos, estimado em R$ 196 bilhões este ano, cerca de 58% ficam com a união federal, 25% com os estados e apenas 16% com os municípios.
Isto precisa ser abordado sob a ótica das relações entre os três entes federativos.
Assim, um subproduto inarredável da disputa pelo voto há que ser a elevação do nível de consciência política da população.
Aos partidos da federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV) cabe uma responsabilidade especial nisso. Para vencer a peleja imediata e respaldar a tarefa da reconstrução nacional na qual está empenhado o governo Lula.
Luciano Siqueira, é Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB
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