Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Britânicos e europeus comemoram fim do Brexit, na véspera do Natal

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Quinta, 24 de Dezembro de 2020 às 11:16, por: CdB

Meses de negociações entre o governo do Reino Unido e da União Europeia (UE) resultaram num acordo comercial que regula a relação mútua a partir do ano que vem. Era o último passo que faltava para selar o divórcio, agora consensual, entre Londres e Bruxelas.

Por Redação, com agências internacionais - de Londres e Bruxelas
Parece que foi combinado, mas estava longe disso o acordo que retira o Reino Unido do bloco europeu. Ao longo do ano em que o mundo aguarda o Natal isolado, na tentativa de evitar a covid-19, os britânicos receberam de presente o que esperavam desde 2016. Enfim, o Brexit.
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Johnson foi um dos regentes do acordo assinado na véspera do Natal entre o Reino Unido e a UE
Meses de negociações entre o governo do Reino Unido e da União Europeia (UE) resultaram num acordo comercial que regula a relação mútua a partir do ano que vem. Era o último passo que faltava para selar o divórcio, agora consensual, entre Londres e Bruxelas.

Transição

Efusivo, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, publicou no Twitter uma imagem de si mesmo dentro de Downing Street, levantando ambos os braços em um gesto de aprovação do triunfo. — Retomamos o controle de nosso destino. As pessoas disseram que era impossível, mas retomamos o controle. Seremos um Estado costeiro independente. Seremos capazes de decidir como e onde estimular novos empregos — disse ele a repórteres. Negociador chefe da UE, Michel Barnier pôde dizer pela primeira em quatro longos anos: — O relógio não está batendo mais.

História recente

Embora o acordo de última hora impeça o fim mais duro para a saga em 1º de janeiro, o Reino Unido caminha para um relacionamento bem mais distante com seu maior parceiro comercial do que se esperava na época do referendo em 2016. O acordo pareceu iminente por quase um dia, até que a disputa sobre quanto peixe os barcos da UE poderiam pegar em águas britânicas adiou o anúncio de um dos acordos comerciais mais importantes na história recente da UE. O Reino Unido deixou formalmente a UE em 31 de janeiro, mas desde então estava em período de transição sob o qual as regras sobre comércio, viagem e empresas permanecem inalteradas até o final deste ano.

Controle

O acordo conta com um período de transição de 5 anos e meio, até que todas as novas regras entrem 100% em vigor. O anúncio oficial do acerto foi comunicado pelo gabinete do primeiro-ministro britânico. "O acordo está feito. Tudo que foi prometido aos britânicos no referendo de 2016 e na eleição do ano passado está entregue por este acordo", diz o texto. "Retomamos o controle de nosso dinheiro, nossas fronteiras, leis, comércio e águas de pesca." Na entrevista coletiva que se seguiu ao anúncio, o premiê acrescentou: — Nós resolvemos hoje uma questão que tem atormentado nossa política há décadas e cabe a nós, todos juntos, como uma nação nova e verdadeiramente independente perceber a imensidão deste momento e tirar o melhor dele.

TS Eliot

A alemã Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, por sua vez, preferiu citar Shakespeare, os Beatles e o poeta TS Eliot. — No fim de uma negociação bem-sucedida, eu normalmente sinto alegria. Mas hoje eu sinto apenas uma calma satisfação e, para dizer francamente, alívio — disse. Ela acrescentou que "a partida é uma "doce tristeza" e, citando TS Eliot, afirmou que "o que chamamos de começo é normalmente o fim. E chegar ao fim é normalmente um começo”.

Dedos cruzados

A maioria dos britânicos temia que a falta de um acordo comercial jogasse o Reino Unido no caos no início de 2021, aumentando a crise econômica e levando a um cenário de desabastecimento generalizado. Boa parte dos produtos e matérias-primas chegam ao país através dos países-membros da UE. No caso de um Brexit forçado, sem qualquer acordo, o Reino Unido poderia ficar privado de vários produtos; desde flores, verduras e legumes até material para construção e sêmen para inseminação artificial. Johnson e Von der Leyen passaram a negociar diariamente, nas últimas semanas, em longas conversas por telefone. Alguns representantes europeus chegaram a atribuir o acordo ao recente alinhamento entre os planetas Júpiter e Saturno, que gerou a Estrela de Belém. Alguns diplomatas disseram manter os dedos cruzados à espera de um milagre de Natal.
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