Com sua experiência e bom senso os dirigentes sindicais não devem brincar com fogo nos arranjos do novo governo.
Por João Guilherme Vargas Netto - de São Paulo
Até mesmo porque a vitória do bolsonarismo desencadeou uma onda forte, já previsível, de antissindicalismo.
Ao longo de sua campanha o presidente eleito jamais se aproximou do movimento sindical, embora como deputado federal tenha agido corporativamente em defesa de profissionais da segurança, e nem no movimento apareceram dirigentes de peso, simpáticos às suas pregações (o que seria uma contradição em termos).
As notícias, muitas das quais propositalmente embrulhadas e confusas, deixam entrever um reforço dos estragos que a recessão e a lei trabalhista celerada provocaram no movimento sindical e na representação dos trabalhadores.
Espostejamento do ministério do Trabalho (mesmo que se mantenha alguma coisa com este título), entrega da gestão dos recursos para o ministério da Fazenda e pressa na criação da carteira de trabalho verde e amarela demonstram com clareza as intenções do bolsonarismo: isolar o movimento sindical da vida de milhões de trabalhadores, aprofundando a desorganização nas relações de trabalho.
É hora de resistir e de unidade. As centrais e todas as direções sindicais têm se unido com estas orientações, propondo manifestações contra a deforma previdenciária e contra a desqualificação do ministério do Trabalho. É o que deve ser feito agora.
Qualquer aproximação, mesmo que sub-reptícia, da mesa onde se serve o banquete dos vitoriosos cria o prejuízo grave da divisão além de ser demonstração de fraqueza subserviente.
Disputar sobras desta mesa, e, sobretudo os pratos envenenados, não é atitude compatível com a experiência e o bom senso dos dirigentes sindicais.
O ditado popular afirma “quem brinca com fogo amanhece molhado”. Devemos nos manter secos.
João Guilherme Vargas Netto, é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.
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