Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Brasileiras que foram detidas na Alemanha são libertadas

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Terça, 11 de Abril de 2023 às 11:35, por: CdB

Casal permaneceu injustamente preso por um mês após ter etiquetas das malas trocadas por quadrilha de traficantes que agia no aeroporto de Guarulhos.


Por Redação, com DW - de Berlim


As duas brasileiras que foram presas na Alemanha após terem suas malas trocadas por bagagens com drogas ao embarcarem durante uma escala em São Paulo tiveram um pedido de soltura aceito pela Justiça alemã nesta terça-feira.




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Jeanne Paolini e Kátyna Baía planejavam passar férias na Europa Central antes de serem detidas

Jeanne Paolinie e Kátyna Baía foram presas quando desembarcaram em Frankfurt em 5 de março e completaram mais de um mês de prisão preventiva. Elas foram liberadas no final da tarde desta terça-feira, segundo a defesa do casal e do Gabinete de Relações Internacionais de Goiás. O processo de saída do centro de detenção é acompanhado por um representante da diplomacia brasileira.


O pedido de soltura foi aceito pela promotoria do país europeu, que decidiu arquivar as acusações contra o casal, após o envio de imagens e provas pelas autoridades brasileiras que atestaram a troca de bagagens por uma quadrilha formada por funcionários terceirizados do aeroporto de Guarulhos.



Férias que viraram pesadelo


A médica veterinária Jeanne Paolini, de 40 anos, e a personal trainer Kátyna Baía, 44, embarcaram no dia 4 de março no aeroporto de Santa Genoveva, em Goiânia, com destino a Berlim, na Alemanha. No caminho, tinham escalas planejadas em Guarulhos (SP) e Frankfurt (Alemanha).


Elas chegaram em Frankfurt no dia 5 de março, prevendo passar 20 dias de férias na Alemanha, Bélgica e República Tcheca. Enquanto aguardavam a troca da aeronave para Berlim, Jeanne e Kátyna foram abordadas e detidas pela polícia alemã por suspeita de tráfico de drogas. A acusação: em duas malas despachadas onde constavam etiquetas com os nomes do casal havia 40 quilos de cocaína. A prisão aconteceu na fila de embarque da escala, sem que elas tivessem contato com as malas.


No entanto, as duas malas não pertenciam à dupla, como demonstraram investigações realizadas no Brasil.


Após a prisão no aeroporto de Frankfurt, elas foram levadas para um centro de detenção feminino da cidade.



A troca de malas


No dia 4 de abril, a Polícia Federal deflagrou no Brasil uma operação para combater a ação dos criminosos que agiam em Guarulhos. Seis pessoas foram presas por suspeita de envolvimento em um esquema de troca de bagagens.


A ação do bando consistia em retirar a etiqueta da bagagem despachada por passageiros que não sabiam de nada e colocá-la em outras que continham drogas.


No caso da dupla de brasileiras, as imagens das câmeras de segurança do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mostram que a dupla despachou duas malas, uma branca e uma preta.


No entanto, durante uma escala no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, as etiquetas foram trocadas por funcionários terceirizados responsáveis por deslocar as bagagens até os aviões. As malas que chegaram a Frankfurt com os nomes das goianas eram diferentes, com cores marrom claro e escuro.


No último domingo, imagens divulgadas pela TV Globo detalharam como funcionava o esquema. Funcionários num setor de carga de Guarulhos, filmados por câmeras de segurança, separaram as duas malas originais do casal. Em seguida, um deles tirou as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne.


Paralelamente, câmeras no saguão do aeroporto registraram a chegada de duas mulheres, ainda não identificadas. Elas carregavam justamente as duas malas recheadas de cocaína. Essa dupla então entregou as malas para a funcionária de uma companhia aérea num setor esvaziado do aeroporto, que não estava operando para check-in de nenhum voo. A funcionária recebeu a mala sem pedir nenhuma documentação ou tíquete de embarque. Mais tarde, as duas malas seguiram para o setor de carga, onde receberam de maneira fraudulenta as etiquetas retiradas das bagagens de Jeanne e Kátyna.


A superintendente da Polícia Federal em Goiás, Marcela Rodrigues, afirmou na segunda-feira que o caso aponta para uma "vulnerabilidade" nos aeroportos. "Existe uma atuação permanente da Polícia Federal dentro dos aeroportos, mas a divisão de trabalho é muito delineada. Com certeza, esse caso emblemático nos traz uma provocação necessária de revitalização desses sistemas de segurança."



Batalha jurídica


Na semana passada, a Secretaria Nacional de Justiça do governo brasileiro compartilhou com a Justiça alemã o inquérito sobre o caso com os vídeos que comprovavam que as etiquetas das malas haviam sido trocadas em Guarulhos (SP).


Enquanto permaneceram presas em Frankfurt, as brasileiras descreveram o ambiente da prisão como "desesperador" e se queixaram das condições do local. Irmã de Kátyna, Lorena Baía afirmou à agência alemã de notícias Deutsche Welle  (DW) que, ao serem presas, as duas tiveram seus agasalhos recolhidos pelas autoridades alemãs, e inicialmente chegaram a passar frio.


– São duas mulheres trabalhadoras, extremamente estudiosas e viajantes frequentes, do tipo que viajam já pensando no próximo destino – relatou Lorena. "É algo que a gente nunca imagina que vai acontecer com a gente. É um pesadelo mesmo."


Ainda nesta semana, a Polícia Federal (PF) identificou mais uma brasileira que foi vítima da quadrilha que trocava etiquetas de bagagens. O caso ocorreu em Paris, França, em 3 de março, um dia antes da prisão do casal de brasileiras em Frankfurt.


Segundo a PF, esta vítima também embarcou em Goiás e também teve a bagagem trocada no aeroporto de Guarulhos. Essa vítima, no entanto, não chegou a ser detida, pois chegou a coletar a sua bagagem original na esteira e deixou o aeroporto. No entanto, dois suspeitos que tentaram reaver a bagagem com as drogas e as etiquetas trocadas acabaram detidos.



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