Gaza descreveu a ação como um “massacre horrível”. “As equipes estão tentando controlar o fogo para retirar os corpos dos mortos e salvar os feridos”, disse no Telegram na madrugada deste sábado.
Por Redação, com DW – de Khan Yunis, Faixa de Gaza, Palestina
O terror e os gritos de agonia após as explosões das bombas israelenses a em uma escola na Faixa de Gaza, neste sábado, atravessaram a madrugada e a última contagem de corpos, nesta manhã, chegava a 103 mortos. Entre os cadáveres, muitos destroçados, a maioria era de mulheres e crianças. Como justificativa para o ato de violência extremado, o Exército de Israel disse que o local era usado como um centro de comando inimigo. A cifra de óbitos faria deste ataque — o quarto a uma escola em Gaza, ao longo desta semana — um dos mais letais desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro passado.
Localizada no centro de Gaza, a escola al-Tabi’een acolhia cerca de 250 desabrigados, segundo fontes do Hamas. O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, estimava o número de mortos “entre 90 e 100”, com dezenas de feridos.
Já o Exército de Israel afirmou ter “atingido terroristas do Hamas que operavam num centro integrado de comando e controle do grupo”, que supostamente funcionava na escola, localizada ao lado de uma mesquita.
Massacre
Gaza descreveu a ação como um “massacre horrível”. “As equipes estão tentando controlar o fogo para retirar os corpos dos mortos e salvar os feridos”, disse no Telegram na madrugada deste sábado.
O chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, também se manifestou. “Horrorizado com as imagens de uma escola abrigo em Gaza atingida por um ataque israelense, com dezenas de vítimas palestinas segundo relatos. Pelo menos dez escolas foram atacadas nas últimas semanas. Não há justificativa para essas massacres”, escreveu Borrell na rede X, (ex-Twitter).
A relatora especial da Organização das Nações Unidas para os Territórios Palestinos Francesca Albanese, que tem um mandato do Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas não fala em nome da organização, acusou os israelenses de genocídio.
Genocídio
“Israel está cometendo um genocídio dos palestinos, bairro por bairro, hospital por hospital, escola por escola, campo de refugiados por campo de refugiados, zona de segurança por zona de segurança”, escreveu ela no X. “Que os palestinos nos perdoem por nossa incapacidade coletiva de protegê-los, respeitando o sentido mais básico do direito internacional”, continuou ela, que já foi acusada de antissemitismo por criticar Israel.
Na quinta-feira, ataques israelenses contra duas escolas em Gaza já haviam deixado ao menos 18 mortos. A justificativa para as ofensivas naquele dia foram as mesmas de agora: que existiam ali centros de comando do Hamas.
No domingo, ataques em duas escolas na Cidade de Gaza mataram pelo menos 30 pessoas, segundo autoridades palestinas. O Exército israelense também disse que atingiu um complexo militar do Hamas. No sábado, outra ofensiva de Israel matou 15 pessoas em uma escola no bairro de Sheikh Radwan, que o Exército afirmou ser um centro de comando do grupo terrorista, que negou as acusações.
Conflito
Depois de mais de dez meses de guerra, as tropas israelenses lutam em locais que anteriormente afirmavam estar sob controle. O conflito desencadeou tensões no Médio Oriente, em estado de alerta especialmente após as mortes do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã e de um comandante do movimento islâmico libanês Hezbollah em Beirute.
Israel apenas assumiu a responsabilidade pelo segundo destes ataques, mas o Hamas e o Irã também o acusam pela morte de Haniyeh e prometeram vingança.
Confrontados com a perspectiva de uma explosão regional, o Catar, Egito e Estados Unidos exigiram na quinta-feira que ambas as partes regressassem às negociações indiretas para chegar a acordo sobre um cessar-fogo e a libertação dos reféns feitos pelo Hamas no seu ataque de outubro.