Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Bolsonaro quebra protocolo ao torcer por Trump e se arriscar contra China

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Terça, 20 de Outubro de 2020 às 12:37, por: CdB

O presidente decidiu de última hora comparecer a uma cerimônia de assinatura de um acordo com o Eximbank norte-americano no Palácio do Itamaraty, depois de receber Robert O’Brien, Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, que chefia uma delegação dos EUA, em visita ao país.

Por Redação - de Brasília e São Paulo
A campanha do democrata Joe Biden, nos EUA, não comentou, mas anotou a declaração do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), em apoio ao adversário Donald Trump. Em mais duas semanas o mandatário neofascista sul-americano saberá se apostou no candidato vencedor, mas já sabe que quebrou, mais uma vez, o protocolo internacional ao declinar, publicamente, apoio a um dos lados da disputa presidencial, em outro país.
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Representante comercial do governo Trump, no Brasil, Robert Lighthiser vê com receio o avanço dos chineses na América Latina
Bolsonaro afirmou que espera estar na posse de Trump como presidente reeleito, declarando mais uma vez o apoio ao republicano. — Espero, se essa for a vontade de Deus, comparecer à posse do presidente brevemente reeleito nos Estados Unidos. Não podia esconder isso, é do coração. Não interfiro, mas pelo coração e pelo respeito que tenho ao povo (norte-)americano, e pelo trabalho e consideração que Donald Trump teve para conosco que eu me manifesto dessa forma, nesse momento — disse.

Simpatia

O presidente decidiu de última hora comparecer a uma cerimônia de assinatura de um acordo com o Eximbank norte-americano no Palácio do Itamaraty, depois de receber Robert O’Brien, Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, que chefia uma delegação dos EUA, em visita ao país. Bolsonaro já declarou por diversas vezes seu apoio à reeleição de Trump, assim como a candidatos por quem tinha simpatia em outros países, um movimento não usual em política externa. Sua primeira declaração de apoio à reeleição do republicano ocorreu ainda em março de 2019, durante a primeira visita aos Estados Unidos como presidente. Enquanto isso em São Paulo, na Câmara (norte-)Americana de Comércio (Amcham, na sigla em inglês) o governo dos Estados Unidos transmitiu ao Brasil suas preocupações sobre movimentos da China — já o maior parceiro comercial do país — para expandir sua “influência no país” latino-americano, disse nesta terça-feira o representante comercial do governo Trump, Robert Lighthizer.

Resposta

Os comentários de Lighthizer em evento organizado pela Amcham foram ecoados pelo assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, segundo o qual Washington pediu ao governo brasileiro que assegure “que vigiemos a China com cuidado” em relação ao 5G e a outras tecnologias. Tão logo tomou conhecimento das declarações de Lighthizer, o Ministério das Relações Exteriores da China respondeu, nesta tarde, que políticos dos Estados Unidos estão se metendo na cooperação econômica e comercial normal. Anteriormente, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, também afirmou que o Brasil e os Estados Unidos precisam reduzir sua dependência de importações chinesas. Em entrevista coletiva em Pequim nesta terça, o porta-voz Zhao Lijian disse que China e Brasil são parceiros estratégicos e que tem amplo apoio em ambos os países. Lijian afirmou que a cooperação entre os países continuou a crescer mesmo com a pandemia do novo coronavírus.

Guerra Fria

O porta-voz chinês também condenou a prática norte-americana em tentar barrar a movimentação das empresas asiáticas. — A China se opõe, firmemente, à mentalidade da Guerra Fria e ao preconceito ideológico de alguns políticos dos EUA, que deliberadamente difamam e denigrem a cooperação econômica e comercial normal da China com outros países — disse Lijian. Alvo de uma disputa global entre EUA e China, a Huawei corre o risco de ser banida do fornecimento de equipamentos para as redes de 5G no Brasil devido a um alinhamento estratégico entre Bolsonaro e Donald Trump.
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