Com sua base de apoio debilitada, o presidente Jair Bolsonaro poderia sair ainda mais frágil caso as manifestações de seus apoiadores, no próximo domingo, não reunisse uma massa significativa de pessoas. Essa é a avaliação do sociólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Iglecias.
Por Redação - de Brasília
Diante do alto risco de mais um fracasso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu não participar das manifestações de domingo, em defesa do próprio governo, e orientou seus ministros a também não comparecer, adiantou o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros.
Com sua base de apoio debilitada, o presidente Jair Bolsonaro poderia sair ainda mais frágil caso as manifestações de seus apoiadores, no próximo domingo, não reunisse uma massa significativa de pessoas. Essa é a avaliação do sociólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Iglecias. Ele ainda alerta para o possível perfil dos manifestantes, que pode ampliar ainda mais a desconfiança sobre o governo.
Apesar de acreditar que Bolsonaro ainda pode convocar muitas pessoas às ruas, o sociólogo cita como exemplo de iniciativa similar malsucedida a convocação feita por Fernando Collor quando, em 1992, o então presidente, àquela altura acuado por uma forte crise econômica e escândalos de corrupção, sugeriu que a população saísse às ruas com as cores da bandeira em defesa de sua gestão.
— É impossível não lembrar da convocação que o Collor fez pedindo que as pessoas saíssem de verde e amarelo. No final, as pessoas saíram de preto. Aquilo foi a pá de cal do governo, que não tinha apoio da imprensa, dos empresários e do Parlamento — disse.
Ainda segundo Iglecias, “se as ruas não corresponderem, a viabilidade política (do governo Bolsonaro) ficará ainda mais frágil”, acrescentou, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual (RBA).
Desconfiança
Movimentos de direita como o MBL e o Brasil 200, este formado por empresários bolsonaristas, sinalizam que não estarão nas ruas junto com os apoiadores do governo.
— Ele já tem desconfiança dos empresários, menos apoio da classe média, editoriais negativos da imprensa, então, se não colocarem a ‘massa’ na rua, será o sinal de fraqueza. É uma jogada de alto risco do Bolsonaro — afirma o professor.
Wagner também diz que o aspecto qualitativo do perfil dos manifestantes que estão nas ruas é importante. Para ele, caso as manifestações sejam dominadas por pessoas que defendem o fim do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), a classe empresarial pode pular do barco do governo.
— Uma maioria de pessoas mais extremadas pode causar ainda mais desconfiança por parte dos investidores. Uma manifestação que coloca nas ruas muitas pessoas carregadas de ódio piora a impressão sobre o governo como quem se apoia em uma base muito extrema. Um governo de viabilidade política é heterogêneo — concluiu.