Dezenas de manifestantes, incluindo alemães, se reuniram no Portão de Brandemburgo para pedir o impeachment do presidente e condenar a gestão da pandemia. Violência contra indígenas, negros e LGBTQs também é pauta.
Por Redação, com DW - de Berlim
Dezenas de manifestantes se reuniram neste sábado em frente ao Portão de Brandemburgo, no centro de Berlim, para protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Com faixas e cartazes em português, inglês e alemão, os manifestantes pediram o impeachment de Bolsonaro, chamando-o de "genocida" e "fascista", e o fim da violência contra os povos indígenas. Houve críticas também ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, acusado pelos manifestantes de fazer um "trabalho sujo" como parte da "tropa de choque" do presidente. A corrupção também foi mencionada, assim como o "nepotismo dos militares". – Estamos aqui em solidariedade aos protestos deste (sábado) no Brasil. É inaceitável o que está acontecendo. Talvez em três meses vá entrar uma ditadura no país – disse à agência alemã de notícias Deutsche Welle (DW) a pernambucana Edleuza Peixoto, que organizou o ato juntamente com o Coletivo Luta contra o Fascismo no Brasil. Peixoto também pediu o fim da violência contra os negros e pessoas LGBTQ, lembrando que neste sábado também se celebra em Berlim o Christopher Street Day (CSD), a parada LGBTQ. De máscaras e sob um sol de 28 graus, os manifestantes atraíram a atenção dos que passavam pelo Portão de Brandemburgo, um dos pontos mais visitados de Berlim, que voltou a receber turistas com a flexibilização das restrições contra a covid-19. A gestora cultural Suely Torres disse estar presente por considerar muito importante que os brasileiros que estão fora do país possam representar o Brasil onde estiverem. "Não podemos, porque saímos de lá, esquecer que fazemos parte dessa sociedade", destacou. Uma artista plástica brasileira, que está em Berlim de passagem, contou à DW que até agora não teve coragem de ir aos protestos no Brasil por medo da covid-19. Mas que se sentiu segura na Alemanha por causa do uso obrigatório de máscaras. Filha de uma polonesa que sobreviveu ao campo de extermínio de Auschwitz, ela contou que sempre pensou na Alemanha com temor. "Hoje vivemos uma situação oposta. Sinto medo do que acontece no Brasil", disse a artista plástica, que preferiu não se identificar por temer represálias. "Vi que a história muda."