O secretário-geral da ONU, o português Antônio Guterres, nomeou o austríaco Volker Türk como o novo Alto comissário da ONU dos Direitos Humanos para suceder à chilena Michelle Bachelet, que não pleiteou a prorrogação do seu mandato expirado no dia 31 de agosto.
Por Rui Martins, ONU, Genebra
Não há nenhuma surpresa nessa nomeação, pois Volker Türk já vinha ocupando diversos cargos, desde sua entrada na ONU 1991, com um doutorado da Universidade de Viena. Türk trabalhou de perto com Guterres quando este era o Alto Comissário para Refugiados e o seguiu até a Secretaria da ONU, onde se tornou o Subsecretário-Geral de Política e era considerado um membro de seu círculo íntimo.
Seu primeiro teste será lidar com as consequências do controverso relatório de direitos humanos sobre o tratamento da China à minoria muçulmana uigur que Michelle Bachelet divulgou minutos antes de deixar o cargo, depois que sua publicação foi adiada enquanto Pequim pressionava para suprimi-lo.
O relatório que afirmava que a China pode ter cometido "crimes contra a humanidade" provocou fortes reações de Pequim.
Bachelet também esteve em desacordo com a Índia, atraindo protestos por suas declarações de apoio aos agricultores em seus protestos no ano passado, criticando as políticas e ações de Nova Délhi na Caxemira e questionando o tratamento da mídia e ativistas.
De acordo com Stéphane Dujarric, portavoz de Antônio Guterres, "foi dado ao Alto Comissário para os Direitos Humanos o espaço e a independência de que precisam para implementar seu mandato totalmente e isso não mudará com Volker Türk.
Sobre essa noemação, disse a embaixadora permanente dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, "em um momento em que esses direitos estão cada vez mais sob ataque, a responsabilidade do alto comissário deve ser denunciar violações e abusos de direitos humanos onde quer que ocorram, e servir como um órgão independente, imparcial e inabalável campeão dos direitos humanos em todos os lugares."
A secretária-geral da Anistia Internacional, Agnes Callamard, disse: "Sua voz em defesa das vítimas de violações de direitos humanos em todo o mundo precisará ser alta e clara. Nós igualmente esperamos que ele respeite e apoie o papel da sociedade civil em informar e moldar as posições e respostas aos direitos humanos".
PorRui Martins, de ONU, Genebra.