Tanto os manifestos, como os protestos de rua, procuram desarmar as pretensões do atual presidente de não reconhecer eventual derrota nas eleições de outubro. Há cerca de um mês, ele convocou uma reunião com embaixadores para tentar desacreditar, perante o mundo, o sistema eleitoral brasileiro.
Por Redação, com RBA - de Brasília
Nesta quinta-feira, dia histórico de luta pela democracia em todo o país, a população brasileira vai às ruas das 26 capitais do país e do Distrito Federal para barrar as aventuras golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao menos 86 atos foram confirmados em 49 cidades ao todo. As passeatas seguiram da manhã até o final da tarde desta quinta.
Os atos das ruas também ocorrem em paralelo às leituras de manifestos em defesa da democracia e por eleições livres, promovidas por movimentos institucionais e acadêmicos. A Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito foi lida nesta manhã por ex-alunos do Largo do São Francisco, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), com transmissão para outras universidades e centros acadêmicos. A leitura será também exibida ao vivo pela Rádio Brasil Atual, 98.9 FM, e a TVT, no canal digital 44.1, ou ainda nos canais do YouTube das emissoras.
Já as passeatas foram convocadas pela Campanha Fora Bolsonaro, que congrega as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, além de movimentos sociais, sindicais, estudantis, negros e de mulheres. Coordenador da Central dos Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, que participa dos atos em São Paulo, destaca que as mobilizações de rua são “a melhor resposta” ao bolsonarismo e ao fascismo “que trabalham com o medo, o autoritarismo e a violência”. “Com o povo na rua nos sentiremos mais fortes e protegidos”, observa Bonfim em entrevista a Rafael Garcia do Jornal Brasil Atual.
Dia 11 de agosto, dia histórico
Para o coordenador, este 11 de agosto entra para a história do país como a resposta mais “contundente, de forma tão unitária no sentido de dar um basta nessa forma de golpe”. “Eu diria que hoje começa de fato o jogo para valer entre o time da democracia, da vida, da soberania popular, do amor, contra o time da morte, do ódio, da violência política. Hoje começa a partida para valer e faremos um a zero, em todo o Brasil nesse movimento democrático popular”, analisa Bonfim.
Tanto os manifestos, como os protestos de rua, procuram desarmar as pretensões do atual presidente de não reconhecer eventual derrota nas eleições de outubro. Há cerca de um mês, ele convocou uma reunião com embaixadores para tentar desacreditar, perante o mundo, o sistema eleitoral brasileiro. De lá para cá, uma parte dos militares continua a levantar dúvidas infundadas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas. Além disso, Bolsonaro insufla seus apoiadores a atacar as instituições e a democracia em atos do 7 de setembro.
O receio dos movimentos é de que Bolsonaro tente copiar ações como a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro. Insuflados pelo ex-presidente Donald Trump, que alegava golpe nas eleições, seus apoiadores invadiram a sede do Congresso estadunidense e cinco pessoas foram mortas.
Freio à escalada golpista
– Nós não vamos admitir isso. Mesmo porque eles tentaram nos Estados Unidos colocar esse tipo de golpe também e não tiveram êxito. E não será aqui, onde temos pessoas e a consciência cívica de que a democracia deve prevalecer, que isso vai acontecer, não vamos admitir – ressaltou a presidenta da CUT São Paulo, Telma Andrade, em entrevista ao Jornal Brasil Atual.
A expectativa dos movimentos sociais e sindicais é de que milhares de brasileiros tomem as ruas por todo o país. As entidades seguirão mobilizadas ao longo de todo o mês de agosto com atos em defesa da democracia também nos dias 18 e 20 de agosto. A programação de luta segue com nova manifestação no dia 10 de setembro.
– Essas manifestações de hoje de rua são fundamentais, porque a defesa da democracia não pode ser uma defesa abstrata, não há democracia sem emprego, com o povo passando fome, com falta de condições de renda, de comida, de moradia, de acesso à educação e cultura, com feminicídios crescentes e racismo estrutural – adverte Raimundo Bonfim.