Na sua manifestação, Lula disse que o dia foi de extrema felicidade porque há tempos que não tinha a oportunidade de estar em Porto Alegre. Além disso, seu desejo é que esse encontro acontecesse na Rua da Praia (Rua dos Andradas), o que ainda não é possível devido às condições de segurança e por não ser um ato de campanha.
Por Redação, com BdF - de Porto Alegre
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de um ato político em defesa da soberania nacional, em Porto Alegre (RS), encerrado nas primeiras horas da madrugada desta quinta-feira. O encontro faz parte do movimento ‘Vamos juntos pelo Brasil’, que reúne partidos políticos, centrais sindicais, movimentos sociais e personalidades em torno da pré-candidatura de Lula à Presidência.
O ato foi realizado no Pepsi on Stage, zona Norte da capital gaúcha, em frente ao Aeroporto Salgado Filho, a partir das 16h. Cerca de 6 mil pessoas se fizeram presentes, com caravanas de várias cidades do Estado. Apesar do frio que chegou essa semana, milhares de pessoas aguardavam desde às 15h da tarde, com filas se formando no lado de fora do centro de eventos, horário em que foram abertos os portões do local.
“Além de jovens e pessoas mais velhas, foi possível conferir a presença de muitos agricultores, pessoas identificadas com movimentos sociais e partidos políticos. Na entrada, uma bateria formada por jovens animava as pessoas que esperavam na fila”, escreveram os repórteres do site de notícias Brasil de Fato (BdF), que participaram da cobertura.
Segurança
Diversos comerciantes montaram pequenas bancas, vendendo artigos diversos. Além disso, na fila para entrar eram distribuídos adesivos e comercializadas camisetas. No lado de dentro, militantes identificados com os símbolos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) colaboravam com a segurança.
Cerca de uma hora antes da chegada de Lula, o local destinado ao público já estava praticamente lotado. As cantoras Negra Jaque e Luciana Fagundes fizeram o cerimonial de abertura do evento. A cantora Glau Barros interpretou o hino nacional, juntamente com Ana Matielo no violão e Clarissa Ferreira no violino. Durante a execução do hino rio-grandense, por Bagre Fagundes, a segunda parte, cujo conteúdo é considerado racista, não foi executada.
Na sua manifestação, Lula disse que o dia foi de extrema felicidade porque há tempos que não tinha a oportunidade de estar em Porto Alegre. Além disso, seu desejo é que esse encontro acontecesse na Rua da Praia (Rua dos Andradas), o que ainda não é possível devido às condições de segurança e por não ser um ato de campanha.
— A primeira vez que eu vim a essa cidade foi em 1975 pra conhecer o Olívio Dutra que tinha tomado posse no Sindicato dos Bancários de Porto Alegre. E eu tinha há pouco sido eleito pro Sindicato dos Metalúrgicos. Também conheci o Tarso Genro, um jovem e promissor advogado. E lá surgiu uma amizade de 42 anos — relatou.
Unidade
Na sequência, fez um apelo aos partidos de esquerda, recordando que a direita governa a Capital do RS há décadas e que nas oportunidades que a esquerda governou o Estado, houve um esforço pela unidade.
— É normal que cada partido tenha seu candidato a governador, senador. Mas eu queria fazer um apelo: não custa nada sentar como iguais em uma mesma mesa. É o mínimo que o povo espera de nós — pediu.
Sobre o tema da soberania, afirmou que é uma questão muito importante, apesar de, muitas vezes, o povo não perceber que está se esvaindo.
— Nós estamos vendo que soberania não é só cuidar do nosso espaço terrestre e aéreo, das nossas riquezas. Se um povo não tiver como tomar café, almoçar e jantar, se não tem emprego, não temos soberania. Não pode ser só no discurso, tem que ser na prática — acrescentou Lula.
Gás de cozinha
O líder petista recordou também a descoberta do pré-sal, e que, na época, foi formado o consenso de que esse petróleo seria o "passaporte para a nossa soberania. (Mas) as multinacionais do petróleo nunca aceitaram". Afirmou que, o país que era autossuficiente em petróleo, hoje não consegue abastecer sua população com gás de cozinha.
— Agora temos que ficar alerta, estão anunciando a venda da Eletrobras. Se deixarmos privatizar, vão tomar conta da luz e da água e nunca mais terá um programa como o 'Luz para Todos’, que levamos energia aos locais mais remotos sem cobrar um centavo. Quero saber qual empresa privada que vai levar luz ao povo — questionou. Ressaltou ainda que "quem quiser comprar a Eletrobras, a Petrobras, terá que falar conosco depois de eleitos".
Disse que não acredita em Estado fraco, mas em um Estado forte, que garanta educação, saúde e cidadania para o povo.
Gesto simbólico
Por sua vez, Geraldo Alckmin afirmou que irá "suar a camisa" para Lula voltar a ser presidente. Além disso, afirma que essa luta é voltada contra a fome e a carestia, mas também para recuperar a educação, salvar a saúde, o meio ambiente.
No encerramento do ato, em um gesto simbólico, os pré-candidatos ao governo do Estado Edegar Pretto (PT) e Pedro Ruas (PSOL) caminharam pela passarela do evento de braços dados.
Líderes de diversos partidos estiveram presentes. Antes mesmo da chegada de Lula, algumas personalidades ocuparam o microfone e fizeram falas.
Presente no evento, Manuela D'Ávila (PCdoB) fez um discurso em que mostrou um mapa onde o RS aparece destacado como um dos Estados do país onde ainda não há certeza sobre qual dos dois principais candidatos ao Planalto terá vantagem nas eleições.
— Isso significa que a gente, as mulheres e os homens que estão aqui, tem que ter o compromisso do RS fazer parte desse grande movimento nacional, de saber que aqui no nosso estado tem um jogo grande pra ser jogado, que a gente precisa conversar e prestar atenção no que diz o povo — completou.