Veículos da ONG World Central Kitchen levavam alimentos a áreas ameaçadas de fome no território palestino. Cidadãos da Austrália e Reino Unido estão entre os mortos. Israel promete investigação exaustiva.
Por Redação, com DW - de Gaza
A ONG World Central Kitchen (WCK) informou nesta terça-feira ter suspendido suas operações na Faixa de Gaza devido à morte de sete de seus funcionários num ataque aéreo "direcionado" das Forças de Defesa de Israel (IDF) no centro do território palestino.
A WCK é uma iniciativa do chef espanhol José Andrés com o fim de fornecer refeições a áreas de catástrofe. Confirmando relatos iniciais pelo gabinete de imprensa de Gaza, mantido pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas, ela listou as vítimas como cidadãos da Austrália, Polônia e Reino Unido, além de um palestino e um dupla cidadão americano-canadense.
Ao ser atingida, a equipe da WCK acabara de sair de um armazém da cidade palestina de Deir al-Balah, em direção a Khan Younis, em dois carros blindados claramente designados com seu logo e em coordenação com as IDF.
– Não é só um ataque contra a WCK, é um ataque a organizações humanitárias que se apresentam na mais terrível das situações, em que comida está sendo usada como arma de guerra. É imperdoável – comentou a diretora geral da ONG, Erin Gore.
– Estou de coração partido e horrorizada que nós, a World Central Kitchen e o mundo, tenhamos perdido vidas lindas hoje por causa de um ataque direcionado das IDF. O amor que elas tinham de alimentar seres humanos, a determinação que encarnavam, mostrando que a humanidade se eleva acima de tudo, e o impacto que tiveram em incontáveis vidas serão lembrados e prezados para sempre.
Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel afirmaram estar "conduzindo uma investigação exaustiva, nos níveis mais altos, para compreender as circunstâncias desse trágico incidente", completando: "As IDF promovem esforços extensos para possibilitar o fornecimento seguro de ajuda humanitária, e tem trabalhado de perto com a WCK em seus esforços vitais para prover alimento e assistência à população de Gaza."
ONGs espanholas entregaram 400 toneladas de alimentos a Gaza
Falando à emissora pública ABC, o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, assegurou que o Ministério do Exterior está "investigando urgentemente" os relatos.
– Estou muito preocupado com a perda de vidas ocorrendo em Gaza. Meu governo tem se empenhado por um cessar-fogo sustentável, com apelos à libertação dos reféns. E foram perdidas demasiadas vidas inocentes de palestinos e israelenses, durante o conflito do Hamas em Gaza.
O incidente ocorreu no dia da chegada a Gaza do segundo carregamento de alimentos por via marítima, numa flotilha organizada pela WCK e o grupo espanhol Open Arms, responsáveis pela entrega de quase 400 toneladas. Segundo a Organização das Nações Unidos, o norte do território está ameaçado de fome em massa.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo atentado terrorista em grande escala contra o norte de Israel de 7 de outubro de 2023, em que militantes do Hamas mataram 1,2 mil e levaram cerca de 250 reféns.
Em represália, a liderança israelense lançou uma ofensiva militar, prometendo destruir o Hamas, que controla parte de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde local, na atual guerra já foram mortos 32.845 palestinos, a maioria crianças e mulheres, e outros 75.392 foram feridos.