No caso do recém-eleito presidente argentino, as expectativas são maiores do que o normal, dado o caráter excêntrico de suas promessas: acabar com o Banco Central do país, dolarizar a economia, incentivar e facilitar a posse de armas e outras propostas.
Por Redação, com agências internacionais - de Buenos Aires
Após apenas 72 horas da vitória do anarcocapitalista Javier Milei para a Casa Rosada, ainda não é possível calcular, com precisão, os rumos concretos que a Argentina seguirá a partir de 10 de dezembro. Tanto quanto a economia, a política e as relações exteriores, analistas têm pontuado nos últimos dias é que as promessas e bravatas de campanha acabam se transformando em políticas mais realistas.
No caso do recém-eleito presidente argentino, as expectativas são maiores do que o normal, dado o caráter excêntrico de suas promessas: acabar com o Banco Central do país, dolarizar a economia, incentivar e facilitar a posse de armas e outras propostas.
Do ponto de vista político, a pesquisadora Miriam Saraiva, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), acredita que o futuro próximo dos argentinos tende a ser relativamente semelhante ao que se passou no Brasil de Jair Bolsonaro (PL).
Mercosul
A começar de um fato elementar na política: Milei não tem maioria para implementar propostas que dependem do Congresso, como extinguir o Banco Central e dolarizar a economia. Neste caso, para se concretizar o projeto seria preciso mudar a Constituição argentina, que define o peso como moeda do país.
No caso das ameaças de Milei e aliados de que não vai “interagir” com Brasil e China e vai sair do Mercosul, a professora diz ser possível “acontecer algo muito parecido com o que se deu no Brasil com Bolsonaro”. Ela lembra que o então presidente brasileiro atacou a China e o bloco sul-americano sistematicamente. Mas os agentes econômicos, como exportadores de commodities para a China ou industrializados à Argentina, atuaram contra isso, incluindo a poderosa Confederação Nacional da Indústria (CNI), que defendeu o Mercosul. Depois, a relação de Bolsonaro com a Argentina azedou com a eleição do peronista Alberto Fernández, que sucedeu o neoliberal Mauricio Macri.