Área desmatada no país equivale a um Estado do Rio de Janeiro
Segundo Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, divulgado hoje pelo MapBiomas, em três anos de governo Brasil perdeu uma área de 42 mil quilômetros quadrados. Agropecuária é responsável por 97% da destruição. Terras Indígenas são as que mais preservam as florestas.
Segundo Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, divulgado hoje pelo MapBiomas, em três anos de governo Brasil perdeu uma área de 42 mil quilômetros quadrados. Agropecuária é responsável por 97% da destruição. Terras Indígenas são as que mais preservam as florestas.
Por Redação, com RBA - de Brasília
Desde o início do governo de Jair Bolsonaro (PL), foram derrubados pelo desmatamento no país cerca de 42 mil quilômetros quadrados de matas nativas de todos os biomas. Ou seja, de 2019 a 2021, a área destruída pela devastação florestal correspondente à área do estado do Rio de Janeiro. O novo dado que vem confirmar o desastre ambiental sem precedentes faz parte do Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, divulgado nesta segunda-feira pelo Projeto MapBiomas. O documento mostra também que no ano passado o desmate foi 20% maior que no ano anterior, indicando que o atual governo bate recorde sobre recorde de destruição.
O relatório mostra irregularidades em 98,6% dos casos de desmatamento. Ou seja, em áreas protegidas por lei
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores do MapBiomas partiram dos 69.796 alertas de desmatamento feitos em 2021 pelo Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real, o Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em todo o país.
Em seguida, cruzaram dados das áreas protegida e do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Detectaram, entre outras coisas, irregularidades em 98,6% das ocorrências de desmatamento. Ou seja, foram derrubadas matas em lugares protegidos por lei, como reservas mínimas em fazendas privadas e também em áreas limítrofes entre terras privadas e áreas de conservação e até terras indígenas e quilombolas.
“Neste período, o desmatamento cresceu em todos os biomas mas teve dinâmicas diferentes nos estados. Em geral, mais de 98% dos alertas de desmatamentos no Brasil apresentaram pelo menos um indício ou evidência de irregularidade”, diz trecho do relatório.
Governo Bolsonaro e desmatamento recorde
O desmatamento nos três anos de Bolsonaro tem a agropecuária como a maior responsável pela devastação (97%). O latifúndio de soja, que muito pouco contribui para matar a fome no Brasil, e as pastagens avançam sobre a Amazônia, aprofundando também os conflitos no campo e a contaminação por agrotóxicos.
Na sequência vêm outras atividades igualmente estimuladas pelo governo Bolsonaro: o garimpo, que invade terras indígenas, expulsando os povos originários e contaminando rios com mercúrio. Depois aparecem a expansão urbana, a mineração, também atiçada por ações e discursos do presidente, e outros.
O relatório aponta ainda que 77% de toda a área desmatada está em imóveis rurais cadastrados no CAR. “Isso significa que, em pelo menos três quartos dos desmatamentos, é possível encontrar um responsável”, destaca o estudo. Ao todo, foram 59.181 imóveis com desmatamento detectado no país em 2021, sendo 0,9% dos imóveis rurais cadastrados no CAR até o ano passado. Destes, 19 mil são reincidentes.
Outro dado que chama atenção dos pesquisadores: os baixos níveis das ações de combate ao desmatamento no nível federal. O Ibama e ICMBio só atingiram, até maio, apenas 2,4% dos desmatamentos e 10,5% da área desmatada identificada nos três anos. “Para resolver o problema da ilegalidade é necessário atacar a impunidade. O risco de ser penalizado e responsabilizado pela destruição ilegal da vegetação nativa precisa ser real e devidamente percebido pelos infratores ambientais”, disse Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.
Para ele, é preciso atuar em três frentes: assegurar que todo desmatamento seja detectado e reportado; que todo desmatamento ilegal receba ação de responsabilização e punição dos infratores; e que o infrator não se beneficie da área desmatada ilegalmente e receba algum tipo de penalização.
Os pesquisadores do MapBiomas querem saber agora quais são as ações realizadas pelo setor privado para o combate e prevenção ao desmatamento. E aprofundar o entendimento sobre as áreas desmatadas nos anos seguintes à sua detecção, especialmente nos casos de indícios de irregularidade.