Líder da maior expedição da história ao Polo Norte, Markus Rex apresentou dados alarmantes sobre o derretimento do gelo marinho e ao aumento de temperatura no Ártico. O cientista alertou que o mundo pode já ter chegado ao ponto em que o aquecimento global se tornará irreversível.
Por Redação, com DW - de Bruxelas
O cientista que liderou a maior expedição da história ao Polo Norte alertou na terça-feira que o mundo pode já ter chegado ao ponto em que o aquecimento global se tornará irreversível. – O desaparecimento do gelo marinho de verão no Ártico é uma das primeiras minas terrestres neste campo minado, um dos pontos de inflexão que iniciamos quando levamos o aquecimento longe demais – disse Markus Rex. "E podemos essencialmente nos perguntar se já não pisamos nesta mina e começamos o início da explosão", completou. A missão MOSAiC (sigla em inglês para Observatório Flutuante Multidisciplinar para o Estudo do Clima do Ártico), liderada por Rex, envolveu cerca de 300 cientistas de 20 países. Durante a expedição, o navio quebra-gelo de pesquisa alemão Polarstern(estrela polar) navegou por mais de um ano pelo Ártico. Ele retornou à Alemanha em outubro do ano passado, com evidências de que o oceano Ártico poderá ter verões sem gelo em poucas décadas. Agora, oito meses depois, ao apresentar as informações coletadas, Rex observou que o gelo havia tido na primavera de 2020 o recuo mais rápido desde o começo dos registros desse tipo de dado e que "a propagação do gelo marinho no verão era apenas metade do tamanho de décadas atrás." – Apenas uma avaliação nos próximos anos nos permitirá determinar se ainda podemos salvar o gelo marinho do Ártico durante todo o ano através de uma proteção climática rigorosa ou se já ultrapassamos este importante ponto de inflexão no sistema climático – explicou Rex. Além disso, segundo os dados, o gelo em 2020 tinha apenas metade da espessura e as temperaturas eram 10ºC mais altas do que em comparação com a expedição Fram, realizada na década de 1890 pelos exploradores e cientistas Fridtjof Nansen e Hjalmar Johansen. Devido à superfície menor do gelo marinho, o oceano foi capaz de absorver mais calor no verão, o que significa que a formação do manto de gelo no outono foi mais lenta do que o normal.