Em resposta, as tropas de Assad, com apoio de sua maior aliada, a Rússia, lançaram uma contraofensiva aérea, enquanto milícias financiadas pelo Irã e baseadas no Iraque cruzaram a fronteira para ajudar as forças do regime.
Por Redação, com ANSA – de Beirute
Milícias rebeldes entraram nesta quinta-feira em Hamã, uma das maiores cidades da Síria e que está há dias sob assédio de grupos armados contrários ao regime do presidente Bashar al-Assad.
A informação foi passada à agência italiana de notícias ANSA por fontes locais presentes em Hamã, que fica no centro do país, quase a meio cainho entre Aleppo, recém-conquistada pelos rebeldes, e a capital Damasco.
“Os rebeldes entraram em diversos bairros de Hamã e estão combatendo na rua contra as forças do regime”, afirmou a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Um morador de Hamã, Mahmud, contou à ANSA que o município está “isolado e sem internet” há várias horas. “Estamos trancados em casa”, acrescentou. Além disso, milícias invadiram a prisão central da cidade e estão libertando prisioneiros.
O recrudescimento da guerra civil na Síria, que se arrasta desde 2011, ocorreu após a tomada de Aleppo, principal cidade do norte do país, pelo grupo jihadista Organização para a Libertação do Levante (HTS) e por forças seculares apoiadas pela Turquia.
Em resposta, as tropas de Assad, com apoio de sua maior aliada, a Rússia, lançaram uma contraofensiva aérea, enquanto milícias financiadas pelo Irã e baseadas no Iraque cruzaram a fronteira para ajudar as forças do regime.
De acordo com o OSDH, mais de 700 pessoas já morreram em uma semana de ofensiva rebelde na Síria, e os 13 anos de guerra no país árabe causaram mais de 500 mil mortos, além de milhões de refugiados.
Regime Assad perde controle de Hamã
O Exército da Síria admitiu nesta quinta-feira que não tem mais o controle de Hamã, cidade estratégica no centro do país e que fica quase a meio caminho entre Aleppo, já dominada pelos rebeldes, e a capital Damasco.
“Nas últimas horas, com a intensificação dos confrontos entre nossos soldados e grupos terroristas, esses grupos conseguiram romper uma série de eixos na cidade e entraram nela”, diz uma declaração do Exército de Bashar al-Assad.
Essa é a primeira vez desde o início da guerra civil na Síria, em 2011, que o regime perde o controle de Hamã, um dos maiores municípios do país e tido como essencial para a proteção de Damasco, situado 220 quilômetros a sul.
A tomada da cidade pelos rebeldes acontece poucos dias após a queda de Aleppo, principal município do norte da Síria e que marcou o início de uma ofensiva relâmpago de milícias lideradas pelo grupo islamita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ou Organização para a Libertação do Levante.
O líder do HTS, Abu Mohammad al-Julani, disse que a conquista de Hamã não significará uma “vingança” pelo massacre promovido pelo Exército contra uma revolta da Irmandade Muçulmana em 1982, quando o país era governado por Hafez al-Assad, pai de Bashar al-Assad. Segundo Julani, o objetivo é “limpar a ferida que perdura na Síria há 40 anos”.
O grupo nasceu de um braço da Al Qaeda no país árabe e também luta ao lado de grupos seculares apoiadores pela Turquia.
Já as tropas de Assad, com apoio de sua maior aliada, a Rússia, lançaram uma contraofensiva aérea, enquanto milícias financiadas pelo Irã e baseadas no Iraque cruzaram a fronteira para ajudar as forças do regime, mas ainda não foi suficiente para conter o avanço rebelde.