Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Apenas 10% dos seres humanos controlam 75% de toda a riqueza

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Terça, 14 de Dezembro de 2021 às 13:20, por: CdB

O norte da África e o Oriente Médio são as regiões mais desiguais do mundo, seguidos da América Latina, onde a diferença entre os mais ricos e mais pobres pode chegar a 55% da renda. O Brasil é o país com maior desigualdade do subcontinente latino-americano, com os 50% mais pobres ganhando 29 vezes a menos que os 10% mais ricos.

Por Redação, com agências internacionais - de Londres
Uma parcela de 10% da população mundial de super ricos concentra três quartos da riqueza produzida em todo o planeta, enquanto 50% da população do globo detêm apenas 2%, aponta o relatório sobre Desigualdade Mundial, coordenado pelos mais proeminentes economistas desta época.
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O Brasil está entre os países com maiores desigualdades do mundo, por tributar proporcionalmente mais os pobres e menos os ricos
O norte da África e o Oriente Médio são as regiões mais desiguais do mundo, seguidos da América Latina, onde a diferença entre os mais ricos e mais pobres pode chegar a 55% da renda. O Brasil é o país com maior desigualdade do subcontinente latino-americano, com os 50% mais pobres ganhando 29 vezes a menos que os 10% mais ricos. Entre as grandes potências econômicas mundiais também há diferenças abruptas. Nos Estados Unidos, a diferença de renda entre ricos e pobres é de 17 vezes, enquanto na China, os mais ricos ganham 14 vezes mais do que os mais pobres.

Renda nacional

O informe aponta que um adulto médio ganhou cerca de US$ 23.380 (aproximadamente R$ 128 mil) em 2021 e possui cerca de US$ 106 mil (R$ 583 mil). No entanto, os 10% mais ricos recebem 52% da renda produzida mundialmente, enquanto a metade mais pobre fica com apenas 8,5% da renda. No caso do Brasil, a renda acumulada de 2021 de um adulto médio foi de R$ 43.600, porém a realidade é que 10% dos brasileiros obteve 59% da renda nacional total, ganhando 30 vezes mais que os mais pobres. O relatório leva em conta dados de renda familiar, após as declarações de imposto de renda e outros tributos, para poder identificar o valor líquido que nada núcleo familiar poderia possuir. O estudo compila investigações científicas de mais de 100 autores em todo o planeta, coordenado pelos economistas Lucas Chancel, membro do Laboratório de Desigualdade Mundial da Escola de Economia de Paris; Thomas Piketty; Emmanuel Saez, da Universidade da Califórnia; e Gabriel Zucman, autor do livro ‘A Riqueza Oculta das Nações: O Flagelo dos Paraísos Fiscais’, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Neoliberais

“Apesar de que os governos de todo mundo publicam cifras sobre crescimento econômico anualmente, os relatórios não detalham como é a distribuição desse crescimento na população. O acesso a esses dados é fundamental para promover a democracia”, afirmam os pesquisadores. Entre 1995 e 2021, a metade mais pobre do planeta só captou 2,3% do crescimento mundial neste período, enquanto o 1% captou 38% do crescimento global. Desde 1980, as brechas de ingresso e renda vem aumentando em todo o planeta com as políticas neoliberais. A proporção de receita que a metade mais pobre do mundo consegue acessar hoje representa a metade do que podia arrecadar em 1820.

Emissões de CO2

Também houve uma clara tendência de aumento do patrimônio privado, em detrimento dos bens públicos. “Essa tendência foi aprofundada pela crise da covid-19, quando os governos pediram empréstimos equivalentes a 10 ou até 20% do PIB essencialmente ao setor privado”, indicam. Os 10% de mais ricos da população também são responsáveis pela emissão de 48% de CO2, enquanto os mais pobres representam apenas 12% das emissões. Ao final do estudo, os pesquisadores dão sugestões de políticas públicas para reduzir as desigualdades sociais, entre elas está a criação de um imposto de renda sobre as grandes fortunas, que poderia variar de 0,6% até 3,2%, podendo arrecadar 2,1% da renda global, que deveria ser direcionada a investimentos em saúde e educação. Uma proposta de imposto global sobre transnacionais foi ventilada durante a 47ª Cúpula do G7, em junho, e novamente no encontro do G20, em outubro, no entanto, projeto ainda não foi concretizado.
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