O isolamento internacional imposto ao Brasil durante a reunião do G7 na França foi provocado pela política de total descontrole ambiental do governo Bolsonaro.
Por Wadson Ribeiro – de Brasília
O desprezo pelos tratados e normas internacionais e os constantes ataques aos institutos de pesquisa, de controle e de fiscalização ambiental, aumentam no mundo a sensação de despreparo do governo brasileiro para cuidar de seus recursos naturais e abrem uma perigosa janela para a defesa de uma governança global sobre os recursos naturais do Brasil.Reino Unido
O Reino Unido enviará R$ 51 milhões para combater as queimadas. Outros US$ 20 milhões ofertados pelo G7 aguardam o bom senso do governo brasileiro para serem obtidos, uma vez que Bolsonaro condicionou a aceitação desse recurso a um pedido de desculpas do presidente francês. O que apavora o mundo não são necessariamente as queimadas, mas sim a forma desqualificada e agressiva com as quais Bolsonaro trata o tema da Amazônia e do meio ambiente perante o mundo. De acordo com a série histórica do Inpe, no ano de 2000, a Amazônia teve um dos menores índices de focos de queimadas, foram 29.077 focos, mas o desmatamento engoliu 18.226 km² de mata. No entanto, o ano de 2010 teve um dos maiores índices de queimadas, foram 118.939 focos e um desmatamento de 7 mil km². Esses dados demonstram que nem nos anos de um desmatamento recorde, nem nos anos com focos recordes de queimadas, o mundo condenou o Brasil como agora. A diferença é que os governos federais desses períodos atuaram respeitando os organismos multilaterais e agindo concretamente para resolver o problema. O que vemos agora é a negação do problema, da ciência e dos organismos e tratados internacionais. Por outro lado, Macron, o G7 e o capitalismo querem tirar do Brasil a soberania sobre seu território Amazônico. Não esqueçamos que a Otan, braço militar dos países imperialistas, prevê ataques a países que representem ameaças ao equilíbrio ambiental do planeta.A responsabilidade
A responsabilidade de cuidar da Amazônia e conjugar os interesses nacionais pelo desenvolvimento econômico com a preservação é dos países que detêm a floresta Amazônica. A França em pleno século 21 faz parte da região Amazônica, pois mantém a Guiana Francesa como sua colônia até hoje. Tudo que os países capitalistas desenvolvidos querem é o isolamento global do Brasil no tema amazônico e ambiental, para que se pavimente a chamada internacionalização da Amazônia e para que o Brasil perca a soberania sobre a região. Bolsonaro está contribuindo para que isso ocorra. O Brasil possui 75% da Amazônia global, concentrando 20% de toda água doce do mundo. A floresta possui reservas minerais inestimáveis e tem um papel decisivo para o controle do clima, o que possibilita, inclusive, que o Brasil tenha uma boa produção agrícola em grande parte de seu território. A disputa pela Amazônia é a disputa pelo futuro do mundo e caberá ao povo brasileiro defender seu território, sobretudo a Amazônia, para que o Brasil um dia alcance seu desenvolvimento, que se dará respeitando o meio ambiente, os acordos internacionais e o papel da Amazônia para o mundo.
Wadson Ribeiro, é presidente do PCdoB-MG, foi presidente da UNE, da UJS e secretário de Estado.
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