Governo federal antecipa fim da obrigatoriedade do uso da proteção contra covid-19 em trens, ônibus e bondes em razão do baixo número de infecções. Regra permanece em vigor em hospitais, clínicas e consultórios médicos.
Por Redação, com DW - de Berlim
Os usuários do transporte público na Alemanha poderão viajar sem máscaras pela primeira vez em quase três anos a partir desta quinta-feira, com o fim da obrigatoriedade imposta durante a pandemia de covid-19 para conter as transmissões do coronavírus.
O fim da obrigatoriedade do uso da proteção facial nos trens regionais e de longa distância, ônibus e bondes estava previsto para o mês de abril, mas o governo federal decidiu antecipar a medida em razão da queda no número de casos da doença no país.
A partir desta quinta-feira, os nove estados alemães que ainda mantinham a regra em vigor deixarão de aplicá-la. O uso de máscaras do tipo PFF2 ou N95, no entanto, continua obrigatório em hospitais, casas de repouso e consultórios médicos e odontológicos até 7 de abril.
O ministro alemão da Saúde, Karl Lauterbach, conhecido pela cautela em relação ao relaxamento das restrições para evitar a transmissão da doença, recomendou que as pessoas continuem usando máscaras no transporte público de maneira voluntária.
Medidas "draconianas"
Lauterbach, do Partido Social-Democrata (SPD), assumiu o cargo no início do governo do chanceler federal Olaf Scholz, em dezembro de 2021. Em entrevista à emissora ZFD nesta semana, ele criticou erros cometidos no passado no combate à covid-19.
O ministro apontou problemas nas medidas de distanciamento social adotadas, citando a proibição de contato entre crianças nas escolas e jardins de infância, apesar de admitir que, à época, não havia conhecimento científico suficiente sobre como se davam as transmissões.
– Mais tarde, melhoramos essas coisas – avaliou. Depois de um algum tempo, as crianças passaram a ser testadas regularmente para a doença, e as escolas puderam funcionar normalmente.
Lauterbach considerou que essa e outras regras adotadas foram excessivas. "Essas medidas draconianas, proibição de sair de casa, uso das máscaras ao ar livre, fechamento de parquinhos infantis em áreas abertas, não seriam adotadas hoje", disse o ministro.
Lauterbach avalia que a Alemanha atravessou de maneira satisfatória o período da pandemia, em comparação com outros países com populações similarmente envelhecidas.
O Partido Liberal Democrático (FDP), membro da coalizão do governo federal juntamente com o SPD e o Partido Verde, comemorou o fim da obrigatoriedade de máscaras. A legenda, que defende uma redução do papel regulador do Estado, alega ter influenciado a decisão.
– Todas as restrições de liberdades devem ser proporcionais e colocadas em prática somente enquanto forem absolutamente necessárias – disse o secretário-geral da legenda, Bijan Djir-Sarai. "A Alemanha já superou a pandemia. Agora, é importante encerrar também as últimas medidas impostas pelo Estado contra o coronavírus, como a obrigatoriedade das máscaras nos consultórios médicos."
Dificuldades em impor a regra
As dificuldades para se fazer cumprir a obrigatoriedade nos trens alemães vinham aumentando, com a revolta de muitos passageiros por serem forçados a utilizar as máscaras.
A operadora de trens Deutsche Bahn registrou no período de um ano um aumento de 25% nas agressões a seus funcionários, em alguns casos, resultando em ferimentos graves. A maior parte dos casos de violência é atribuída à imposição do uso das máscaras.
Um porta-voz da Associação de Empresas Alemãs de Transporte (VDV) disse que, na perspectiva da entidade, "a obrigatoriedade há muito não era mais necessária, tendo em vista a situação pandêmica".
– Era cada vez mais difícil fazer com que os passageiros a cumprissem, além de explicar para eles por que as pessoas não precisavam mais usar máscaras em aviões ou em salas de concerto lotadas, mas ainda era necessário utilizá-las no caminho para o aeroporto ou para os shows em ônibus e trens – afirmou.