Novo projeto de lei quer obrigar jovens a declarar se têm ou não interesse em servir nas Forças Armadas. Tensões geradas pela guerra na Ucrânia elevam preocupações em relação à capacidade de defesa do país.
Por Redação, com DW – de Berlim
O governo do chanceler alemão, Olaf Scholz, aprovou na quarta-feira um projeto de lei que visa obrigar os jovens de 18 anos do sexo masculino a responder uma pesquisa sobre sua disposição para servir na Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs.
A nova pesquisa foi elaborada para motivar um número maior de jovens a se alistar e como uma alternativa à reintrodução do alistamento obrigatório. Além disso, as tensões geradas desde o início da guerra na Ucrânia elevaram as preocupações em relação à capacidade de defesa da Alemanha.
De acordo com os planos, os jovens serão obrigados a se registrarem para um potencial serviço militar, embora o alistamento permaneça essencialmente voluntário. Eles também responderão sobre suas condições físicas e de saúde. As meninas terão a opção de preencher a pesquisa somente se desejarem fazê-lo.
Com base nas respostas, um contingente de jovens homens e mulheres será convidado para um processo de seleção. Os candidatos com maior aptidão serão recrutados para um período inicial de seis meses de serviço militar, com a opção de estender esse prazo, se assim desejarem.
O novo modelo visa atrair inicialmente mais de 5 mil recrutas extras por ano.
Cerca de 20 mil soldados adicionais até 2030
Se a lei for aprovada no Bundestag (Parlamento), cerca de 300 mil jovens alemães que completarão 18 anos em 2025 terão de dizer ao governo se estariam ou não interessados em servir. Com isso, a Bundeswehr espera alistar 20 mil soldados adicionais até 2030.
O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, disse que o novo modelo seria “nossa resposta à mudança da situação de ameaça na Europa”. Ele acrescentou: “Com essa lei, ajustamos o rumo para aumentar nossas capacidades de dissuasão e defesa.”
Até 2011, os jovens de 18 anos tinham que escolher entre cumprir um período de serviço militar ou de serviço social. Mas desde o fim dessa regra, a Bundeswehr vem enfrentando dificuldades para aumentar seu contingente.
A Bundeswehr tem cerca de 180 mil soldados. Diante de uma Rússia mais agressiva, a Alemanha espera aumentar esse número para 203 mil até 2030, com 60 mil reservistas adicionais.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, as Forças Armadas alemãs têm tentado atrair recrutas e aumentar o número de soldados.
Oposição defende obrigatoriedade
Mesmo após uma campanha coordenada de recrutamento no país em 2023, a Bundeswehr recebeu apenas 18.802 novos membros, apenas 27 a mais do que em 2022.
Os partidos da oposição defendem que o governo deveria ir mais longe e reintroduzir o alistamento obrigatório. A legenda conservadora União Democrata Cristã (CDU), sigla que está à frente nas pesquisas para liderar o próximo governo federal, propôs um ano de serviço comunitário obrigatório para os jovens, que poderiam escolher entre o prestar o serviço militar ou trabalhar na assistência social.
Como isso levaria tempo para ser implementado, os conservadores sugerem um período de alistamento obrigatório para um número limitado de jovens como forma de preencher as lacunas na Bundeswehr.
Alguns críticos também disseram que a nova lei deve ser aplicada igualmente entre homens e mulheres. No entanto, tornar o serviço militar obrigatório para mulheres exigiria uma mudança na Constituição da Alemanha, algo que Pistorius disse que levaria muito tempo.