Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Agronegócio lidera desmatamento ilegal nos biomas nacionais

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Terça, 19 de Julho de 2022 às 11:18, por: CdB

No ano passado, uma auditoria do Ministério Público Federal (MPF) concluiu que um terço do gado comprado pela JBS no Pará teve origem em áreas derrubadas ilegalmente. A maior processadora de carnes do mundo descumpriu acordos internacionais e continuou comprando carne de 144 fazendas onde há desmatamento ilegal, segundo a ONG Global Witness.  

Por Redação, com BdF - de São Paulo
O Relatório Anual do Desmatamento, produzida pelo Mapbiomas e divulgado nesta terça-feira, comprova que o agronegócio é o principal responsável pelo desmatamento ilegal no Brasil. Na comparação entre 2020 e 2021, a perda de cobertura vegetal no país cresceu 20% e registrou alta em todos os biomas
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O Brasil tem sido envenenado e devastado pelas maiores empresas do agronegócio nacional
O estudo aponta que a agropecuária provocou 97% da perda de vegetação nativa, principalmente na Amazônia, que concentrou 59% da área desmatada no período, seguida por Cerrado (30%) e Caatinga (7%). A destruição se concentrou em duas regiões onde a sociobiodiversidade tem sido rapidamente transformada em pasto, commodities agrícolas e especulação fundiária. Ambas se consolidaram como polos agropecuários durante o governo Jair Bolsonaro (PL). A primeira é na Amazônia, nas fronteiras entre Amazonas, Acre e Rondônia. A região conhecida "Amacro" foi palco de 12,2% de toda a derrubada no Brasil em 2021. No Cerrado, o foco é o "Matopiba", junção das siglas de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, onde fica 23,6% do total desmatado.

Garimpo

"Os números mostram a prevalência e a estabilidade no nível de pressão da agropecuária nos últimos três anos, quando a atividade foi responsável por percentuais de desmatamento acima de 97%", diz trecho do estudo. É a primeira vez que o relatório anual do Mapbiomas identifica quais as atividades relacionadas à devastação ambiental. Atrás da agropecuária (97%), as causas principais foram o garimpo (0,5%), a expansão urbana (0,4) e a mineração (0,1%). No discurso oficial, as gigantes do agronegócio garantem fazer de tudo para bloquear a compra de gado de fazendeiros que desmatam fora da lei. Mas investigações policiais, de ONGs e da imprensa têm provado que legalidades e ilegalidades convivem no interior das mesmas cadeias produtivas do setor.

Terras indígenas

No ano passado, uma auditoria do Ministério Público Federal (MPF) concluiu que um terço do gado comprado pela JBS no Pará teve origem em áreas derrubadas ilegalmente. A maior processadora de carnes do mundo descumpriu acordos internacionais e continuou comprando carne de 144 fazendas onde há desmatamento ilegal, segundo a ONG Global Witness. O lucro alto garantido pela JBS a seus fornecedores alçou o Pará a líder histórico no ranking estadual de desmatamento. Não é por acaso que as três Terras Indígenas (TIs) mais devastadas do país estejam em território paraense. O ritmo da devastação também se acelerou. A velocidade média passou de 0,16 para 0,18 hectares por dia. No último ano a Amazônia perdeu o equivalente a 18 árvores por segundo.  No Brasil, o corte da vegetação ocorre quase totalmente de maneira ilegal. Somente 0,87% da área desmatada atendeu às exigências legais.
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