Desde o dia 15 de agosto, quando o Talebã tomou o poder em Cabul, cenas de desespero se repetem dia após dia no aeroporto da capital. Milhares de pessoas correram em direção ao local na esperança de deixar o país que volta a ser comandado pelo grupo extremista.
Por Redação, com ANSA - de Cabul
Em uma nova coletiva de imprensa nesta terça-feira, o grupo fundamentalista Talebã informou que não vai mais permitir que cidadãos afegãos se dirijam ao aeroporto de Cabul para deixar a nação. – As pessoas devem voltar para casa. Nós pedimos aos norte-americanos que não encorajem os afegãos a irem embora. Nós precisamos das competências deles – disse um dos porta-vozes do grupo, Zabihullah Mujahid. Segundo Mujahid, o "emirado islâmico está tentando controlar a situação" próxima ao aeroporto Hamid Karzai e que "a estrada em direção ao aeroporto foi fechada e os afegãos não podem mais passar ali, só os estrangeiros". – Nós estamos impedindo os cidadãos afegãos de ir para lá porque há o risco de perderem a vida por causa da multidão, e os norte-americanos estão atirando quando há confusão e as pessoas morrem. Atiram nas pessoas e nós queremos que os afegãos fiquem seguros quanto a isso – acrescentou Mujahid. Desde o dia 15 de agosto, quando o Talebã tomou o poder em Cabul, cenas de desespero se repetem dia após dia no aeroporto da capital. Milhares de pessoas correram em direção ao local na esperança de deixar o país que volta a ser comandado pelo grupo extremista. As nações ocidentais, por sua vez, estão retirando seus funcionários e militares, mas também aqueles civis que colaboraram com as forças de ordem internacionais ao longo de 20 anos de ocupação liderada pelos Estados Unidos. No entanto, ministros europeus já reconheceram que nem todos serão resgatados até o dia 31 de agosto, quando encerra o acordo entre norte-americanos e talebãs. Sobre a data final da retirada, Mujahid declarou que "não acredita" que ela será ampliada. "O 31 de agosto é um plano dos Estados Unidos, que eles previram. Eles tiveram todas as oportunidades e todos os recursos para levar todas as pessoas que pertencem a eles. Nós não prorrogaremos o prazo", acrescentou. Alguns governos ocidentais falam abertamente em tentar ampliar o prazo de resgate para dar tempo de buscar pessoas que auxiliaram a coalizão, mas que não moram em Cabul. O porta-voz foi questionado ainda sobre as dezenas de informações que mostram que membros do grupo estão invadindo casas de colaboradores e executando ou sequestrando as pessoas. Recentemente, a emissora alemã Deutsche Welle informou que um parente de um de seus jornalistas foi assassinado enquanto eles procuravam pelo repórter e são inúmeras as falas que dizem que civis que trabalharam com os militares norte-americanos estão sendo espancados até a morte. Os relatos contrariam o discurso do próprio Mujahid, que disse que o novo governo anistiaria a todos porque "não quer mais inimigos internos nem externos". – Nós não perseguimos ninguém, não caçamos ninguém, nenhum dos incidentes foi causado pela nossa parte em nenhum local do país. Nós não temos nenhuma lista. Queremos levar paz e segurança para todo o país – disse o porta-voz negando todas as acusações.