Em março, o Ibovespa acumulou queda de 29,90%, maior declínio percentual mensal desde agosto de 1998, ano marcado pela crise financeira russa, o que fez o Ibovespa acumular queda de 36,86% no ano, pior resultado de trimestre calendário desde pelo menos 1994.
Por Redação - de São Paulo
O tom negativo prevalecia na bolsa paulista nos primeiros negócios desta quarta-feira, com abril começando sem trégua na aversão a risco decorrente de persistentes preocupações e dúvidas sobre os efeitos da pandemia de um novo coronavírus nas economias em todo o mundo. Às 14:48, o Ibovespa caía 2,5%, a 70.515,35 pontos.
— Ao que tudo indica, passado o fluxo de rebalanceamento das carteiras no final do mês e do trimestre, voltamos a uma dinâmica negativa — afirmou o estrategista Dan Kawa, sócio na TAG Investimentos, em comentários a clientes.
Ele avalia que houve avanços significativos em alguns pilares de sustentação para os mercados, como nível de preço, atuação dos BCs e pacotes fiscais, mas que ainda é necessária uma melhor visibilidade sobre quando países ocidentais irão ‘achatar’ a curva de contágio.
— Enquanto não tivermos uma visibilidade destes pontos, não teremos certeza do tamanho da quarentena e dos impactos econômicos de toda esta situação — acrescentou.
Câmbio
Em março, o Ibovespa acumulou queda de 29,90%, maior declínio percentual mensal desde agosto de 1998, ano marcado pela crise financeira russa, o que fez o Ibovespa acumular queda de 36,86% no ano, pior resultado de trimestre calendário desde pelo menos 1994.
Ao contrário do Ibovespa, o dólar abriu esta quarta-feira em alta acentuada contra o real, chegando a renovar máxima histórica acima de R$ 5,25 em meio a sinais crescentes do impacto econômico da pandemia de coronavírus.
Às 14h50, o dólar avançava 0,98%, a R$ 5,2620 na venda, enquanto o dólar futuro mais negociado tinha alta de 0,63%, a R$ 5,248, nova máxima recorde intradia e alta de 1,14%. Mais uma vez, os mercados voltavam as atenções para os efeitos econômicos da atual crise de saúde, com dados pessimistas e sinais de aprofundamento na disseminação do vírus elevando a expectativa de uma recessão global.
Desaceleração
A atividade industrial da zona do euro entrou em colapso no mês passado, enquanto a criação de postos de trabalho no setor privado norte-americano recuou em março pela primeira vez desde 2017.
Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou aos norte-americanos dizendo que as próximas duas semanas serão muito difíceis na luta contra o coronavírus, com as autoridades de saúde da Casa Branca prevendo um enorme salto nas mortes relacionadas à doença, mesmo com medidas rigorosas de distanciamento social.
— Há um clima super pesado, com o corona, principalmente nos EUA, atingindo patamares inimagináveis. Isso assusta bastante o mercado, porque tem um impacto econômico sem precedentes”, afirmou Laatus. “Isso vai causar uma desaceleração enorme, não só nos Estados Unidos, mas no mundo todo — disse à agência inglesa de notícias Reuters Jefferson Laatus, sócio fundador do grupo Laatus.
Pressões
Com maior aversão a risco no exterior, a moeda norte-americana ganhava força contra peso mexicano, lira turca, rand sul-africano e dólar australiano, principais pares arriscados do real.
No Brasil, o Banco Central, a partir desta quarta-feira, dará início à rolagem de contratos de swap cambial com vencimento em 4 de maio de 2020, totalizando 4,9 bilhões de dólares.
A medida não ajudava a aliviar a pressão sobre o real, mas, segundo Laatus, “tendo pressões adicionais, o BC pode atuar mais vezes nos mercados, inclusive com venda spot, de dólar à vista”.
O dólar interbancário fechou o último pregão em alta de 0,25%, a R$ 5,1944 na venda, segunda maior cotação para encerramento da história.