Por Redação, com sucursal – de Brasília, por Thamy Frisselli

A conquista do voto feminino no Brasil, sancionada em 24 de fevereiro de 1932, representa um marco fundamental na história da luta pelos direitos das mulheres no país. Essa vitória foi resultado de intensas mobilizações e pressões de feministas e movimentos sociais, como a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que tinham como principal objetivo garantir às mulheres o direito de participar ativamente da política e das decisões que afetavam suas vidas. Mas essa vitória não chegou para todas de forma igual.
Mesmo após a conquista formal do voto, a exclusão política das mulheres negras seguiu. Foram décadas de luta até que pudéssemos ocupar espaços de decisão, e até hoje enfrentamos sub-representação, racismo institucional e violência política. Enquanto mulheres brancas da elite puderam exercer esse direito, mulheres negras, indígenas e pobres seguiram enfrentando barreiras impostas pelo racismo, pelo patriarcado e pela desigualdade social.
A primeira mulher eleita no Brasil foi a professora e ativista Alzira Soriano, que, em 1928, foi eleita prefeita de Lajes, no Rio Grande do Norte, sendo uma das pioneiras na política brasileira. Sua eleição foi um marco para o empoderamento feminino e evidenciou a capacidade das mulheres de ocupar cargos políticos de relevância.
No entanto, mesmo com a conquista do voto e a presença crescente de mulheres na política, o caminho não foi fácil. A democracia no Brasil passou por diversos momentos de instabilidade, e um dos mais dramáticos foi o golpe militar de 1964, que instaurou uma ditadura que durou até 1985, restringindo a liberdade política e as conquistas sociais. Durante esse período, as mulheres, assim como outros grupos sociais, sofreram com a repressão e a violência do regime.
Um retrocesso ainda mais significativo aconteceu em 2016, quando a então presidente Dilma Rousseff foi alvo de um processo de impeachment controverso. A destituição de Dilma, a primeira mulher eleita presidenta do Brasil, representou um golpe duro nas conquistas femininas, um retrocesso na luta pela igualdade de gênero e na representação política feminina. A vitória de Dilma foi um marco para o empoderamento das mulheres no cenário político nacional, e sua saída foi um golpe tanto no campo político quanto no campo simbólico.
Atualmente
Hoje, a luta para manter e valorizar a conquista do voto feminino no Brasil continua. As mulheres enfrentam desafios significativos, como a sub-representação nos espaços de poder, o machismo estrutural, a violência política e a falta de políticas públicas adequadas à igualdade de gênero. A participação das mulheres na política é ainda muito limitada, e a conquista do voto, embora histórica, precisa ser constantemente reafirmada e ampliada.
Nas eleições de 2024, das 33 cidades que rodeiam o DF, somente quatro terão mulheres como prefeitas: Água Fria, com Virgínia Castro (PP); Formosa, com Simone Ribeiro (PL); Santo Antônio do Descoberto, com Jéssica do Premium (União) e Simolândia, com Dona Dete (União). Exceto por Dona Dete, que se reelegeu, as outras três são as primeiras a chefiarem o poder Executivo de cada um dos municípios, que só tiveram liderança masculina.
A luta precisa de mulheres, e homens conscientes e aliados, para garantir que os avanços conquistados sejam mantidos exige a união das mulheres, movimentos sociais e políticas públicas que promovam a igualdade de oportunidades, o combate à violência e a valorização da presença feminina em todas as esferas de decisão. A defesa de uma democracia plural e inclusiva é a chave para garantir que o Brasil continue avançando na construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todas e todos.
*As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil