Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Homens e negros são as principais vítimas de tráfico humano

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Terça, 30 de Julho de 2024 às 12:07, por: CdB

Relatório do Ministério da Justiça e Segurança Pública destaca relação direta entre o tráfico de pessoas e o trabalho escravo no país. O documento também revela um aumento no número de imigrantes em situações de trabalho escravo.

Por Redação, com CartaCapital – de Brasília

A maioria das vítimas de tráfico humano no Brasil são homens e pessoas negras, conforme revela o mais recente Relatório Nacional Sobre Tráfico de Pessoas, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, nesta terça-feira.

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Na última ‘lista suja’ do trabalho escravo, 62% dos 26 trabalhadores resgatados no Ceará atuavam com extração da carnaúba

O estudo, que abrange dados coletados entre 2021 e 2023, destaca a correlação entre o tráfico humano e o trabalho escravo.

O relatório aponta que, durante o período analisado, 8.415 pessoas foram resgatadas de condições análogas à escravidão. Destas, 80% eram negras (pretas e pardas), totalizando 6.754 pessoas, enquanto 18% eram brancas (1.497) e 2% indígenas (148). A predominância de vítimas do sexo masculino é significativa, com 84% dos casos (7.115).

O documento também revela um aumento no número de imigrantes em situações de trabalho escravo. Entre 2021 e 2023, 355 trabalhadores não nacionais foram resgatados, com a maioria sendo de origem paraguaia, seguida por venezuelanos e bolivianos.

A pasta destaca, ainda, a vulnerabilidade de mulheres migrantes, especialmente aquelas que entram no Brasil com filhos. Elas enfrentam dificuldades para equilibrar o trabalho e os cuidados familiares, tornando-se mais suscetíveis a aceitar ofertas de ocupações precárias.

O Estado brasileiro reconhece, no total, cinco formas de exploração associadas ao tráfico de pessoas:

Remoção de órgãos;

Trabalho em condições análogas à escravidão;

Servidão;

Adoção ilegal;

e exploração sexual.

Outras formas de exploração

Apesar disso, o relatório destaca a presença de outras formas de exploração, como o uso de vítimas para cometer delitos, incluindo transporte de drogas e fraudes financeiras.

Entre os setores com maior incidência de trabalhadores resgatados estão cultivo de mandioca e a confecção de artigos de vestuário, em São Paulo, e a atividade madeireira, em Santa Catarina.

O relatório aponta, ainda, uma falta de registro sobre a população indígena.

“Uma ausência que não significa a inexistência do delito. O que ocorre é a invisibilidade desse grupo em relação aos registros de tráfico de pessoas no país”, alerta o documento.

Segundo o MJSP, é urgente que se conheçam as especificidades do tráfico de pessoas indígenas, para assim “delinear estratégias efetivas para a proteção desse grupo”.

Além do relatório, a pasta também divulgou, nesta terça-feira, um plano nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas.

“Elaborado por diversos atores, com intensa participação de representantes da sociedade civil, o IV Plano tem como metas: (i) ampliar e aperfeiçoar a atuação dos órgãos envolvidos no enfrentamento ao tráfico de pessoas; (ii) fomentar a coordenação e cooperação entre os agentes envolvidos no combate a esse crime, em âmbito nacional, regional e internacional; (iii) prevenir tal delito, mitigando os fatores de vulnerabilidade; (iv) promover a proteção e a assistência às vítimas de tráfico, por meio de programas específicos, em especial de capacitação dos atores governamentais e não governamentais; e, finalmente, (v) fortalecer a repressão à prática desse ilícito, promovendo a responsabilização de seus autores.”

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