Milone, de 74 anos, ex-presidente e CEO da Deloitte na Itália, foi nomeado pelo papa Francisco em 2015 como parte de um esforço para limpar as finanças do Vaticano e elevar os procedimentos contábeis aos padrões internacionais de responsabilidade e transparência.
Por Redação, com Reuters - da Cidade do Vaticano
O primeiro auditor geral do Vaticano e seu vice, que foram nomeados em 2015 e demitidos dois anos depois, estão processando a Santa Sé em 9,3 milhões de euros por danos, alegando que foram destituídos após descobrir irregularidades financeiras.
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse nesta quinta-feira que não tinha comentários sobre o processo, que foi aberto na semana passada na promotoria do Vaticano por advogados de Libero Milone e Ferruccio Panicco.
Milone, de 74 anos, ex-presidente e CEO da Deloitte na Itália, foi nomeado pelo papa Francisco em 2015 como parte de um esforço para limpar as finanças do Vaticano e elevar os procedimentos contábeis aos padrões internacionais de responsabilidade e transparência.
Ele foi instruído a renunciar em 2017 pelo cardeal arcebispo Angelo Becciu, que era então o número dois da Secretaria de Estado do Vaticano, seu departamento mais importante.
Becciu disse à agência inglesa de notícias Reuters em 2017 que Milone "foi contra todas as regras e estava espionando a vida privada de seus superiores e funcionários, inclusive eu".
Milone nega a alegação, dizendo que estava apenas buscando informações que ele tinha o direito de ver como auditor geral.
– Fizemos a coisa certa, nunca espionamos, fomos honestos, fizemos o que tínhamos que fazer, mas infelizmente o que tivemos que fazer foi muito embaraçoso – disse Milone em um briefing nos escritórios de seus advogados em Roma.
Papa Francisco
O papa Francisco demitiu Becciu em 2020. Ele é atualmente um dos 10 réus em um julgamento no Vaticano por acusações de corrupção e peculato relacionadas à compra de um prédio em Londres. Todos negam qualquer irregularidade.
A promotoria do Vaticano disse que reabriu recentemente uma investigação sobre os eventos na época da demissão em 2017. Milone disse que foi convocado para comparecer na próxima semana.
Milone, no início de seu mandato, mantinha boas relações com o papa, contando-lhe "tudo o que encontrei" e encontrando-se com ele regularmente.
Mas isso mudou em 2016, mais ou menos na mesma época em que ele solicitou mais informações de Becciu sobre o prédio de Londres e suspeitava que o papa não recebeu suas cartas depois disso.
O documento legal de 53 páginas, que foi visto pela Reuters, alega que foi colocado "um filtro" que dificultou o acesso de Milone ao papa Francisco, que foi alvo de uma "operação de desinformação" por alguns no Vaticano.
Milone disse no briefing que estava investigando transferências suspeitas entre contas bancárias de altos funcionários do Vaticano, outras envolvendo hospitais associados ao Estado e a descoberta de que uma conta de e-mail no gabinete particular do papa pode ter sido comprometida por spyware.