Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Vale do Javari permanece terra sem lei e de alto risco à vida

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Domingo, 26 de Fevereiro de 2023 às 11:32, por: CdB

Em novembro do ano passado, a Associação dos Kanamari do Vale do Javari (Akavaja) e a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) denunciaram que os invasores ameaçaram de morte uma indígena com uma arma apontada para seu peito, fazendo referência ao assassinato de Bruno e Dom.


Por Redação, com FSP - de Atalaia do Norte (AM)

A região do Vale do Javari, no Amazonas, onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips foram assassinados em junho do ano passado, se mantém como uma região marcada por crimes ambientais e considerada a segunda maior entrada de cocaína no país. No município de Atalaia do Norte, a 1.138 km de Manaus, indígenas permanecem vítimas de ameaças de morte, agressões e invasões ao segundo maior território demarcado do país, onde se concentra a maior grupo de índios isolados do mundo.

Proteção


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Comunidade Maronal, na terra indígena Vale do Javari, na região oeste do Estado do Amazonas


Em novembro do ano passado, a Associação dos Kanamari do Vale do Javari (Akavaja) e a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) denunciaram que os invasores ameaçaram de morte uma indígena com uma arma apontada para seu peito, fazendo referência ao assassinato de Bruno e Dom.

Bruno havia se afastado da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e começado a trabalhar com os indígenas na proteção do território com o desmonte dos órgãos ambientais e da fundação. Dois anos antes, o funcionário da Funai Maxciel Pereira dos Santos foi assassinado a tiros em Tabatinga (AM), na fronteira com Peru e Colômbia.

Santos trabalhava em uma base do órgão indigenista no Vale do Javari, atacada a tiros diversas vezes ao longo dos últimos anos por criminosos e onde os indígenas querem levar as autoridades brasileiras, nesta segunda-feira.

Ameaças


Na semana passada, o Ministério dos Povos Indígenas confirmou participação, ao lado de instâncias ambientais e de segurança e da Funai na agenda organizada pela Univaja, que esteve à frente das denúncias e primeiras ações de buscas quando Bruno e Dom sumiram.

Após os assassinatos de Maxciel, Bruno e Dom, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos concedeu medida cautelar à Univaja para que o país "adote as medidas necessárias para proteger a vida e a integridade pessoal" de 11 defensores dos povos indígenas na região ameaçados de morte.

O território indígena Vale do Javari tem área 56 vezes maior do que o município de São Paulo. Na região, vivem povos indígenas das etnias marubo, kanamari, kulina pano, matis, matsés, tsohom-dyapa, os de recente contato korubo e a maior população de índios isolados do mundo divididos em outros grupos étnicos ainda não relacionados.

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