Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Ucrânia proíbe entrada de homens russos adultos em seu país

Presidente ucraniano afirma que proibição visa evitar formação de "exércitos privados comandados por Moscou" no país e faz parte de respostas de Kiev à apreensão de suas embarcações navais perto da Crimeia.

Sexta, 30 de Novembro de 2018 às 09:02, por: CdB

Presidente ucraniano afirma que proibição visa evitar formação de "exércitos privados comandados por Moscou" no país e faz parte de respostas de Kiev à apreensão de suas embarcações navais perto da Crimeia.

Por Redação, com DW - de Kiev

A Ucrânia decretou a proibição de entrada no país de homens russos com idades entre 16 e 60 anos, anunciou o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, na quinta-feira. Segundo ele, a medida visa evitar a formação de "unidades de exércitos privados" manobradas por Moscou em território ucraniano.
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Os comandantes das embarcações ucranianas serão interrogados em Moscou, enquanto o restante ficará detido na Crimeia
Em mensagem transmitida via Twitter, Poroshenko afirmou que a restrição imposta aos cidadãos russos visa "impedir que os russos implementem na Ucrânia as operações que planejaram em 2014", em referência à revolta separatista pró-Rússia desencadeada no leste ucraniano há quatro anos. O presidente ucraniano disse que as milícias no leste do país são "na realidade representantes das Forças Armadas da Federação Russa". As únicas exceções à proibição de entrada serão casos humanitários. Moscou comunicou que não pretende retaliar com uma medida semelhante. Jürgen Trittin, ex-ministro do Meio Ambiente da Alemanha e atualmente chefe do Grupo de Amizade Germânico-Russa no Parlamento alemão, disse em entrevista à agência alemã de notícias DW acreditar que a decisão da Ucrânia "não é sábia, uma vez que há muitas famílias nos dois lados da fronteira". Segundo ele, "banir homens vai afiar o conflito". Mais de 10 mil pessoas, incluindo 2,7 mil civis, foram mortas no conflito entre os separatistas e os militares ucranianos, segundo estimativas da ONU. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou ter fornecido soldados ou equipamentos militares aos separatistas.

As tensões

As tensões entre Ucrânia e Rússia se agravaram no fim de semana passado, quando a guarda costeira russa abriu fogo e capturou várias embarcações navais ucranianas perto da península da Crimeia, território ucraniano anexado pela Rússia. Em resposta a esses incidentes no Mar de Azov, o Parlamento da Ucrânia aprovou no início da semana a instauração da lei marcial por 30 dias nas dez regiões que fazem fronteira com a Rússia, no Mar Negro e no Mar de Azov. Segundo a Rússia, os três comandantes das três embarcações navais ucranianas serão transferidos para Moscou para serem interrogados, enquanto os 21 tripulantes restantes continuarão detidos na Crimeia. Autoridades judiciais russas na Crimeia determinaram a detenção dos militares ucranianos durante os próximos dois meses para investigações. Segundo a Rússia, os navios ucranianos entraram em águas territoriais sem autorização. Kiev sustena que as embarcações não cometeram qualquer irregularidade perante o direito marítimo internacional. O primeiro-ministro da Ucrânia, Volodymyr Groysman, defendeu sanções ocidentais mais duras contra Moscou. "A Rússia é um agressor e um ocupante", disse Groysman ao diário alemão Die Welt. O premiê ucraniano também criticou a expansão planejada de um gasoduto de gás natural entre Rússia e Alemanha e afirmou que esta levaria a União Europeia (UE) a uma dependência da Rússia. – Não é apenas prejudicial para a Ucrânia, mas para todo o continente – disse Groysman. A Ucrânia deverá perder bilhões de dólares em taxas de trânsito, já que o novo gasoduto não passa por seu território. Por outro lado, o ministro da Economia da Alemanha, Peter Altmaier, alertou que a questão do gasoduto não deve ser confundida com as tensões na Crimeia. "São duas áreas diferentes", disse.
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