Um dos prédios da usina, um edifício usado para treinamento, pegou fogo durante a operação, mas o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Rafael Mariano Grossi, disse que não houve liberação de radiação dos reatores.
Por Redação, com ANSA e ABr - de Kiev
As forças russas na Ucrânia tomaram nesta sexta-feira o controle da maior usina nuclear da Europa, situada em Enerhodar, a 700 quilômetros a sudeste de Kiev.
A planta de Zaporizhzhia, que conta com seis reatores, sendo que cinco foram abertos ainda durante o período soviético, foi alvo de um ataque de artilharia na manhã desta sexta-feira.
Um dos prédios da usina, um edifício usado para treinamento, pegou fogo durante a operação, mas o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Rafael Mariano Grossi, disse que não houve liberação de radiação dos reatores.
– Tivemos sorte, a integridade dos reatores foi mantida – acrescentou. Ao menos duas pessoas ficaram feridas no ataque, de acordo com a Aiea. Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o incêndio em Zaporizhzhia foi ocasionado por nacionalistas ucranianos como um meio de provocação.
– O regime de Kiev tentou levar a cabo uma provocação monstruosa no território adjacente à central nuclear – disse o porta-voz da pasta, Igor Konashenkov.
Explosão em Zaporizhzhia
Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que uma eventual explosão em Zaporizhzhia poderia representar o "fim da Ucrânia e da Europa".
– Queremos alertar o mundo para o fato de que nenhum país além da Rússia havia disparado contra centrais nucleares. É a primeira vez na nossa história e a primeira vez na história da humanidade. Esse Estado terrorista agora recorre ao terror nuclear – acusou.
Incluindo Zaporizhzhia, a Ucrânia conta com quatro usinas nucleares em operação, totalizando 15 reatores. Essas unidades são responsáveis por gerar cerca de metade da energia elétrica consumida pelo país.
EUA e Otan
Os Estados Unidos e a Otan descartaram a criação de zona de exclusão aérea na Ucrânia, já que a medida colocaria diretamente os militares russos e ocidentais em confronto.
Os russos têm usado o seu poder de fogo superior nos últimos dias, lançando mísseis e ataques de artilharia em áreas civis e obtendo ganhos significativos no sul da Ucrânia, como parte de um esforço para cortar a ligação do país com o mar Negro e Azov.
O corte do acesso da Ucrânia ao litoral seria um rude golpe para a economia do país e permitiria à Rússia construir um corredor terrestre que se estende desde a sua fronteira até a Crimeia, anexada por Moscou desde 2014, seguindo depois para Oeste até a Romênia.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, incluindo forças terrestres e bombardeios em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até o momento, mais de 2 mil civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1 milhão de refugiados na Polônia, Hungria, Moldávia e Romênia, entre outros países.
O presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia pela necessidade de desmilitarizar o país vizinho. Afirmou ser essa a única maneira de a Rússia se defender e garantiu que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela comunidade internacional. A União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções econômicas para isolar ainda mais Moscou.