O líder ucraniano voltou a pedir à comunidade internacional que “faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que falhe esse passo russo para expandir a guerra”.
Por Redação, com Lusa e Sputnik – de Kiev
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou “os primeiros combates” das tropas ucranianas contra soldados norte-coreanos que se juntaram ao Exército russo na frente de batalha.
– Os primeiros combates com soldados norte-coreanos abrem nova página de instabilidade no mundo – afirmou Zelensky, na terça-feira à noite, no habitual discurso à nação.
O líder ucraniano voltou a pedir à comunidade internacional que “faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que falhe esse passo russo para expandir a guerra”.
O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, já tinha comunicado os primeiros contatos na frente de batalha entre as Forças Armadas norte-coreanas e ucranianas.
Rússia
Zelensky agradeceu a todos os países que “reagiram ao destacamento de soldados norte-coreanos na Rússia” e mencionou especialmente aqueles que o fizeram “não apenas com palavras, mas preparando ações apropriadas” para ajudar Kiev a se defender.
O G7, grupo dos sete nações mais industrializadas do mundo, a Nova Zelândia e a Austrália anunciaram ontem que preparam resposta coordenada à entrada de efetivos norte-coreanos na guerra russo-ucraniana.
– As nossas contramedidas devem ser suficientes.
Suficientemente fortes – acrescentou Zelensky.
De acordo com a Ucrânia e alguns aliados, a Coreia do Norte já enviou mais de 10 mil soldados para a Rússia.
Alguns deles já se juntaram às tropas russas que combatem o Exército ucraniano na região russa de Kursk, na fronteira com a Ucrânia e parcialmente ocupada pelas forças de Kiev desde agosto.
‘Ninguém se abrigará atrás do oceano Atlântico’: Lavrov adverte contra ações antirrussas da Otan
A Rússia e os EUA, como as maiores potências nucleares, têm a responsabilidade pelo futuro global. Moscou compreende isso, pois está pronta para o diálogo, mas levando em conta os interesses mútuos e na reciprocidade, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov à agência russa de notícias Sputnik.
Em uma entrevista exclusiva à agência, o chanceler russo disse que Moscou considera o fato de que o Ocidente, inclusive a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), não esconde sua posição agressiva em relação à Rússia já há muito tempo.
Porém, ele afirmou que a Rússia está sempre aberta para relações amigáveis, o que foi mostrado pela 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, realizada de 22 a 24 de outubro, que destacou a falta de sentido das tentativas de isolar a Rússia no cenário mundial.
Relações com Ocidente e solução da crise ucraniana
Respondendo à pergunta relacionada à possível entrega de armas de longo alcance a Kiev, ele repetiu a tese já declarada pelo presidente da Rússia Vladimir Putin de que a questão precisa ser formulada de uma maneira diferente.
A razão é que os militares ucranianos não têm capacidade, nem aptidões, para controlar e usar tais armas, também precisam de inteligência, que só pode ser obtida por meios disponíveis às forças armadas dos EUA e da Otan.
Então, o uso dessas armas significaria que “os países da Otan já estão em guerra aberta com a Rússia”.
Nesse caso, Lavrov ressaltou que a Rússia vai retaliar adequadamente em conformidade com o direito soberano à autodefesa, usando todos os meios necessários para garantir a segurança do país, conforme a Carta da ONU.
“E ninguém poderá se esconder atrás do oceano Atlântico ou do canal da Mancha!”
No entanto, o ministro afirmou que Moscou está pronta para negociar com Washington.
– Estamos prontos para um diálogo igualitário se e quando os Estados Unidos demonstrarem que levam a sério a negociação de forma justa, com base no reconhecimento dos interesses nacionais russos e no princípio da reciprocidade – assegurou.
Ele lembrou que ambos os países são as maiores potências nucleares responsáveis pelo destino do mundo e isso predetermina a necessidade de contatos diplomáticos entre o Kremlin e a Casa Branca.
Cúpula do BRICS é evento crucial dos últimos tempos
A cúpula em Kazan recebeu 35 delegações de Estados e seis chefes de organizações internacionais, inclusive o secretário-geral da ONU António Guterres e a chefe do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff.
Segundo Lavrov, muitos destacaram que o evento foi realizado em uma atmosfera de amizade, abertura e respeito mútuo.
Um dos temas principais foi a adaptação do sistema monetário mundial às novas realidades, inclusive o aumento de uso das moedas nacionais e a criação de sistemas de pagamento independentes.
– Os chefes de muitas delegações do Sul Global expressaram abertamente sua indignação com o uso crescente, nos últimos anos, do dólar pelas autoridades dos EUA como um instrumento de guerra de sanções contra os Estados cujas políticas, por um motivo ou outro, não agradam aos americanos – enfatizou Lavrov.
Ele sublinhou que a Declaração de Kazan adotada no final da cúpula reflete o fato de que os países-membros do BRICS compartilham uma visão semelhante do assunto.
Em particular, o BRICS tem uma visão comum sobre a solução da questão israelo-palestina.
Lavrov disse que, apesar da política destrutiva dos EUA no Oriente Médio, “vamos aproveitar ao máximo o potencial do BRICS” para resolver o conflito.
Os Estados do BRICS e seus parceiros, segundo o chanceler, têm o objetivo de formar “uma ordem mundial mais justa e equilibrada, reformar as instituições de governança global e enfrentar mais eficazmente os desafios globais”.