A construção de narrativa baseada na naturalização da violência reproduz mecanismos de opressão e de aniquilamento da esperança. A notícia é antes de tudo uma construção social, longe de ser imparcial e neutra, apesar de insistirem nisso. O acontecimento da realidade pode ser noticiado a partir de diversos ângulos e perspectivas ideológicas.
Por Alexandre Lucas- de Brasília
A construção de narrativa baseada na naturalização da violência reproduz mecanismos de opressão e de aniquilamento da esperança. A notícia é antes de tudo uma construção social, longe de ser imparcial e neutra, apesar de insistirem nisso. O acontecimento da realidade pode ser noticiado a partir de diversos ângulos e perspectivas ideológicas.
Existe uma construção na comunicação que oferece para as camadas periféricas uma produção de conteúdo, em especial vídeos e fotos, que apresentam a futilidade, violência e a tragédia como notícia relevante.
A circulação de conteúdos no universo virtual e a veiculação nas rádios e TVs se potencializam como noticiário da desumanidade, da fofoca e da curiosidade descomprometida com o ser humano. Um ataque frontal aos direitos humanos e a proliferação de uma sociedade espetacularizada.
Construção da narrativa jornalística
O corpo estraçalhado no chão é exibido como notícia. O conteúdo da informação e sua contextualização é roubada da construção da narrativa jornalística, junta-se a isso, a construção de informações falsas, capazes de destruir reputações e eleger até um presidente da república. Um jornal de sangue e de pavor é posto em circulação, de forma sutil e quase imperceptível.
Os veículos de comunicação retido nas mãos das elites econômicas e de grupos religiosos conservadores e reacionários, tem provocado atropelos no entendimento de liberdade de expressão, democracia e direitos humanos, concomitantemente a construção de uma cultura do espetáculo se espalha de forma incontrolável de mão em mão, através da Internet móvel, em que mais de 70% da população acessa a informação por essa via.
Outras narrativas são possíveis, em que o fato/acontecimento se submeta ao contexto e a que a notícia também sirva de alimento para uma cultura de solidariedade, esperança e descoberta da produção gestada pela humanidade.
Evidente e não por acaso, o domínio da comunicação é concentrado em grupos econômicos e hegemonicamente é utilizado para difusão dos seus interesses e manutenção das suas relações de poder.
Democratizar os veículos de comunicação, é colocar em evidência, outras formas de contar a realidade e de ampliar a visão social do mundo. A democratização da comunicação é elemento essencial para desconstruir o poder constituído e destituir a tragédia como notícia.
Alexandre Lucas, é pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/Ceará.
As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil