Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Em tempos de coronavírus: A força do coletivo

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Segunda, 30 de Março de 2020 às 08:53, por: CdB

Eis que a pandemia do coronavírus nos empurra para um período de isolamento social para milhões; quarentena para milhares diante da suspeita ou confirmação de ser positivo para o vírus.

Por Sônia Araripe - do Rio de Janeiro
Sempre reclamamos, neste ritmo de corrida desenfreada, que faltava tempo. Tempo para aproveitar mais a casa com a família, tempo para ler aquele livro até então parado na estante, tempo para aprender a cozinhar melhor... tempo para a vida.
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Sozinho, o papa Francisco caminhou pela Praça de São Pedro, na sexta-feira, para uma benção ao mundo inteiro
Eis que a pandemia do coronavírus nos empurra para um período de isolamento social para milhões; quarentena para milhares diante da suspeita ou confirmação de ser positivo para o vírus. Tristeza para muitas famílias pela morte de entes queridos pela covid-19. De acordo com dados da Organização Mundiial da Saúde, já são quase 33 mil mortos até o momento em diversos países, até este dia 29 de março, quando escrevo estas linhas, daqui do nosso "claustro", no ensolarado - e isolado - Rio de Janeiro. O número total de casos confirmados chegava a 720 mil em 196 países e territórios, dos quais 4 mil no Brasil, com 136 mortos. São números impressionantes, assustadores.

Papa Francisco

Nenhuma outra imagem refletiu mais esta nossa apreensão coletiva do que a do Papa Francisco, rezando, sozinho esta semana na Praça de São Pedro, no Vaticano, onde antes haveria uma multidão com seus celulares registrando. Tão vazia e ao mesmo tempo tão acompanhada por fieis de todo o mundo através da imprensa. Um Cristo enorme posto à entrada da Basílica de São Pedro, o mesmo que no século XVI salvou Roma da Grande Peste. À sua esquerda, a imagem da Salus Populi Romani, que normalmente fica na Santa Maria Maior. O Papa alertou que algo acontece em nosso mundo. “Desde algumas semanas parece que tudo se escureceu. Densas nuvens cobriram nossas praças, ruas e cidades; foram se adonando de nossas vidas fazendo de tudo um silêncio que ensurdece e um vazio desolador que paralisa tudo onde passa: se palpita no ar, se sente nos gestos, se diz nos olhares”, proclamou o Papa. “Encontramo-nos assustados e perdidos. Igual aos discípulos do Evangelho, surpreendeu-nos uma tempestade inesperada e furiosa. Demo-nos conta de que estávamos na mesma barca, todos frágeis e desorientados; porém, ao mesmo tempo, importantes e necessários, todos chamados a remar juntos, todos necessitados de nos confortarmos mutuamente”, explicou. “Nesta barca, estamos todos”, repetiu Bergoglio, porque desta sairemos somente como um, e que “não podemos seguir cada um por nossa conta, mas somente juntos”. Sônia Araripe é jornalista, editora da revista Plurale.
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