Segunda, 28 de Fevereiro de 2022 às 12:23, por: CdB
Segundo o ex-ministro da Saúde do governo Lula, os Estados brasileiros sofrem muita desigualdade na aplicação da vacina e isso afeta o enfrentamento ao vírus. De acordo com os dados do consórcio de veículos de imprensa, divulgado no último domingo, quase 155 milhões de brasileiros estão totalmente imunizadas.
Por Redação, com RBA - do Rio de Janeiro
O Brasil deverá passar por uma transição que conclui o fim da pandemia de covid-19 para uma endemia, com o avanço da vacinação. Isso significa que o coronavírus vai “conviver com a gente daqui pra sempre”, na avaliação do médico sanitarista José Gomes Temporão. Entretanto, o que dificulta essa superação no Brasil e no mundo é a desigualdade na vacinação, alerta Temporão,
Segundo o ex-ministro da Saúde do governo Lula, os Estados brasileiros sofrem muita desigualdade na aplicação da vacina e isso afeta o enfrentamento ao vírus.
De acordo com os dados do consórcio de veículos de imprensa, divulgado no último domingo, quase 155 milhões de brasileiros estão totalmente imunizadas, o que representa 72,13% da população total do país. A dose de reforço foi aplicada em 64 milhões de pessoas, portanto, 29,81% do público. Ainda na véspera, o Brasil registrou 206 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 649.195 óbitos.
Mais clareza
Temporão explica que o país pode sair de uma situação de “fim de pandemia” e a covid-19 se tornar endêmica, na medida que avança na cobertura vacinal. Desse modo, o número de doentes graves e a letalidade diminuirão.
— O problema é a desigualdade. Em São Paulo, 43% da população tomou a dose de reforço, mas no estado do Pará apenas 12% recebeu a terceira dose. Nós temos uma desigualdade grande dentro do país. Portanto, esse processo de transição será lento e desigual. Sendo otimista, até metade do ano teremos uma grande cobertura vacinal no país e o fim da pandemia se expressar com mais clareza — afirmou, em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual.
Ou seja, as várias desigualdades – entre os países, dentro dos países e entre classes sociais – continuarão sendo um problema.
Desgoverno
A média móvel de mortes nos últimos últimos dias é de 690 – esse número não ficava abaixo de 700 desde 3 de fevereiro. O médico sanitarista explica ainda que a maioria dos brasileiros que estão morrendo nesse momento são: pessoas muito idosas, quem tem doenças muito graves, crianças sem imunização e os adultos não vacinados. Apesar disso, avalia, o governo Bolsonaro segue atrapalhando no combate ao vírus.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira (25), que abriu uma apuração preliminar para analisar se houve atraso intencional, por parte do governo, na inclusão de crianças de 5 a 11 anos na vacinação contra a covid-19. O procedimento preliminar foi aberto com base em notícia-crime apresentada por deputados federais.
— Inclusive, a morte de crianças é fruto de uma omissão criminosa do governo federal, que adiou e interrompeu a vacinação dos jovens. Como há uma grande desigualdade de cobertura vacinal, nos municípios com menos aplicações de vacinas é onde teremos mais óbitos. Infelizmente, estamos sem ministro da Saúde e coordenação nacional ainda, o que dificulta mais esse trabalho — acrescentou Temporão.
Máscaras
Na entrevista, Temporão falou também que o suposto “novo normal” será, por isso mesmo, também desigual entre os países. Além da falta de política sanitária, o ex-ministro aponta para o desastre ambiental no país como fator de risco para novas modalidades de vírus.
O ex-ministro alerta ainda para a ausência de uma governança global mais estruturada ante os problemas de saúde e ambientais do mundo. “A velha ordem internacional já está ruindo, mas não temos ainda uma nova ordem. E precisamos ter”, defende.
Temporão admite que em breve os governos locais irão liberar a população do uso de máscaras. Porém, ele acredita, e defende, que as máscaras vieram para ficar.