Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Temporão: ‘Falta de vacinas atrasa o fim da pandemia, no Brasil’

Segundo o ex-ministro da Saúde do governo Lula, os Estados brasileiros sofrem muita desigualdade na aplicação da vacina e isso afeta o enfrentamento ao vírus. De acordo com os dados do consórcio de veículos de imprensa, divulgado no último domingo, quase 155 milhões de brasileiros estão totalmente imunizadas.

Segunda, 28 de Fevereiro de 2022 às 12:23, por: CdB

Segundo o ex-ministro da Saúde do governo Lula, os Estados brasileiros sofrem muita desigualdade na aplicação da vacina e isso afeta o enfrentamento ao vírus. De acordo com os dados do consórcio de veículos de imprensa, divulgado no último domingo, quase 155 milhões de brasileiros estão totalmente imunizadas.

Por Redação, com RBA - do Rio de Janeiro
O Brasil deverá passar por uma transição que conclui o fim da pandemia de covid-19 para uma endemia, com o avanço da vacinação. Isso significa que o coronavírus vai “conviver com a gente daqui pra sempre”, na avaliação do médico sanitarista José Gomes Temporão. Entretanto, o que dificulta essa superação no Brasil e no mundo é a desigualdade na vacinação, alerta Temporão, 
temporao.jpg
O ex-ministro Temporão ressalta a falta de liderança na produção e distribuição das vacinas contra a covid-19
Segundo o ex-ministro da Saúde do governo Lula, os Estados brasileiros sofrem muita desigualdade na aplicação da vacina e isso afeta o enfrentamento ao vírus. De acordo com os dados do consórcio de veículos de imprensa, divulgado no último domingo, quase 155 milhões de brasileiros estão totalmente imunizadas, o que representa 72,13% da população total do país. A dose de reforço foi aplicada em 64 milhões de pessoas, portanto, 29,81% do público. Ainda na véspera, o Brasil registrou 206 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 649.195 óbitos.

Mais clareza

Temporão explica que o país pode sair de uma situação de “fim de pandemia” e a covid-19 se tornar endêmica, na medida que avança na cobertura vacinal. Desse modo, o número de doentes graves e a letalidade diminuirão.  — O problema é a desigualdade. Em São Paulo, 43% da população tomou a dose de reforço, mas no estado do Pará apenas 12% recebeu a terceira dose. Nós temos uma desigualdade grande dentro do país. Portanto, esse processo de transição será lento e desigual. Sendo otimista, até metade do ano teremos uma grande cobertura vacinal no país e o fim da pandemia se expressar com mais clareza — afirmou, em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual. Ou seja, as várias desigualdades – entre os países, dentro dos países e entre classes sociais – continuarão sendo um problema.

Desgoverno

A média móvel de mortes nos últimos últimos dias é de 690 – esse número não ficava abaixo de 700 desde 3 de fevereiro. O médico sanitarista explica ainda que a maioria dos brasileiros que estão morrendo nesse momento são: pessoas muito idosas, quem tem doenças muito graves, crianças sem imunização e os adultos não vacinados. Apesar disso, avalia, o governo Bolsonaro segue atrapalhando no combate ao vírus. A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira (25), que abriu uma apuração preliminar para analisar se houve atraso intencional, por parte do governo, na inclusão de crianças de 5 a 11 anos na vacinação contra a covid-19. O procedimento preliminar foi aberto com base em notícia-crime apresentada por deputados federais. — Inclusive, a morte de crianças é fruto de uma omissão criminosa do governo federal, que adiou e interrompeu a vacinação dos jovens. Como há uma grande desigualdade de cobertura vacinal, nos municípios com menos aplicações de vacinas é onde teremos mais óbitos. Infelizmente, estamos sem ministro da Saúde e coordenação nacional ainda, o que dificulta mais esse trabalho — acrescentou Temporão.

Máscaras

Na entrevista, Temporão falou também que o suposto “novo normal” será, por isso mesmo, também desigual entre os países. Além da falta de política sanitária, o ex-ministro aponta para o desastre ambiental no país como fator de risco para novas modalidades de vírus. O ex-ministro alerta ainda para a ausência de uma governança global mais estruturada ante os problemas de saúde e ambientais do mundo. “A velha ordem internacional já está ruindo, mas não temos ainda uma nova ordem. E precisamos ter”, defende. Temporão admite que em breve os governos locais irão liberar a população do uso de máscaras. Porém, ele acredita, e defende, que as máscaras vieram para ficar.
Edições digital e impressa