Escolha de Kim Jong-yang representa revés político para a Rússia, cujo candidato era visto como favorito. Sul-coreano atuava como presidente interino desde o desaparecimento de ex-chefe da organização na China.
Escolha de Kim Jong-yang representa revés político para a Rússia, cujo candidato era visto como favorito. Sul-coreano atuava como presidente interino desde o desaparecimento de ex-chefe da organização na China.
Por Redação, com DW - de Genebra
O sul-coreano Kim Jong-yang foi eleito presidente da Interpol para terminar o mandato iniciado pelo chinês Meng Hongwei, investigado por suspeitas de corrupção, anunciou a maior organização policial do mundo via Twitter nesta quarta-feira.
Kim Jong-yang assumiu presidência interina da Interpol em setembro, substituindo o chinês Meng Hongwei
A escolha de Kim representa um revés político para a Rússia, cujo candidato Alexander Prokopchuk era visto como o favorito na corrida pelo cargo. Kim foi eleito em Dubai durante a 87ª Assembleia Geral da Interpol. Ele presidirá a organização até o final do mandato de Meng, em 2020.
Kim era o presidente interino da Interpol, um papel que assumiu em setembro depois que Meng desapareceu na China. Autoridades chinesas comunicaram que o ex-chefe da Interpol foi detido por acusações de corrupção. Ele supostamente se demitiu da presidência da Interpol.
A demissão de Meng, anunciada em 7 de outubro, foi tornada pública 11 dias depois de sua mulher ter alertado para o seu desaparecimento durante uma viagem à China. No dia seguinte à suposta demissão, comunicada por correio à Interpol, o Ministério da Segurança Pública da China anunciou que Meng teria "recebido subornos e era suspeito de ter violado a lei", sem oferecer detalhes.
Questionado recentemente sobre as informações recebidas de Pequim, o secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock, disse saber apenas que Meng está na China e que os fatos de corrupção avançados não estão relacionados com as suas atividades na Interpol. Sobre a demissão assinada por Meng, Stock indicou não ter "razões para suspeitar de uma coisa forçada".
Revés político para a Rússia
A candidatura de Prokopchuk, vice-presidente da Interpol e general que atuou no Ministério do Interior da Rússia, levou muitos críticos internacionais a pedir que a Interpol não o promovesse, pois sua proximidade com o presidente russo, Vladimir Putin, era vista como uma ameaça à organização.
Membros da Interpol que mantêm relações tensas com Moscou, como Ucrânia, Lituânia e Estônia, junto com senadores americanos e grupos russos de oposição, alertaram para o fato de que a eleição de Prokopchuk poderia levar a Rússia a abusar da Interpol para perseguir opositores políticos e dissidentes. Por outro lado, a Rússia acusou os críticos de executarem "uma campanha para desacreditar" Prokopchuk.
A Ucrânia, que ameaçou deixar a Interpol caso Prokopchuk fosse eleito presidente, saudou a eleição de Kim. O ministro do Interior ucraniano classificou o resultado da votação de uma vitória para o seu país.
A Interpol, cuja sede está localizada na cidade francesa de Lyon, tem como principal papel emitir os chamados red notices (alertas vermelhos) que alertam os Estados-membros sobre suspeitos sendo perseguidos por outro país. O sistema serve essencialmente como um banco de dados dos suspeitos "mais procurados" do mundo.
Os críticos temiam que a eleição de Prokopchuk pudesse resultar num abuso desse sistema de alertas – preocupações similares levantadas por grupos de direitos humanos há dois anos, depois que o chinês Meng foi escolhido para a presidência da Interpol.
Na época, a organização Anistia Internacional criticou "a prática de longa data da China de tentar usar a Interpol para prender dissidentes e refugiados no exterior".